Aula de Terapia Floral de Bach - Comunidade de Estudos Avançados

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06/05/2008 13:58

Aula de Terapia Floral de Bach - Comunidade de Estudos Avançados
Henrique Vieira Filho
CRT 21001
Terapeuta Holístico

Resumo

De modo prático e objetivo, abordaremos a Terapia das Essências Florais de Bach sob um enfoque Junguiano, em especial, a Teoria da Sincronicidade.

As incríveis "coincidências" entre as lendas, os nomes populares e científicos de cada planta e a sua utilidade como Floral torna o aprendizado lúdico e prático.

 

Introdução

Esta abordagem da Terapia Floral propõe-se a preencher uma lacuna deixada perante a dificuldade de explicar "cientificamente" a atuação das essências florais, aplicando a Teoria Junguiana da Sincronicidade para teorizar sobre o porque cada determinada flor atua para determinada emoção especificamente.

Por exemplo: por que a essência floral Mimulus atua nas fobias e não em outro tipo de emoção? Por que o Holly intervém em casos de raiva, em vez de tristeza? Munidos basicamente de explicações generalizadas, e não relativas a cada floral em particular, o público tinha que se contentar com uma resposta do tipo: "porque foi assim que Bach intuiu", quase um "porque sim!".

Sabendo de antemão que os métodos de pesquisa científica ortodoxos em pouco elucidariam essas questões, procurei e encontrei as respostas na Sincronicidade (teoria junguiana da possibilidade de relação significativa, mas não causal, entre eventos). Fazendo um levantamento sobre os deuses e lendas ligados a cada uma das plantas de o­nde se extraem as essências florais de Bach, descobri as "grandes coincidências" entre essas histórias e o momento emocional no qual o floral está apto a atuar. Fora isso, as características de comportamento de cada planta (o modo como cresce, seus terrenos preferidos, suas cores, etc.) correspondem exatamente ao tipo de pessoa à qual a sua essência floral poderá ajudar. E, por mais estranho que pareça a quem não está familiarizado com a idéia da sincronicidade, até mesmo a etimologia dos nomes das plantas já nos esclarecem para que elas servem. Somando-se a isso, pesquisei o uso fitoterápico tradicional desses vegetais, em especial sob o enfoque milenar chinês dos Cinco Movimentos e constatei que, além de seu uso para o equilíbrio de determinados sintomas físicos, tais plantas já eram usadas, sob a forma de chás, para as mesmas emoções para as quais Bach intuiu suas essências. Tais informações tornam esta obra útil tanto àqueles que estão se iniciando no estudo da terapêutica floral como, também, aos mais experientes, inclusive aos pesquisadores de novas essências florais, os quais têm agora mais um fio de meada a ser pesquisado, ou seja, a teoria da sincronicidade de C. G. Jung.

Material e Metodologia

As essências florais não são nem alopatia, nem homeopatia, nem fitoterapia. São compostos energéticos cujos princípios ativos não são químicos, mas eletromagnéticos. Sua proposta é predominantemente preventiva e atuam através das questões emocionais. Criado pelo inglês Edward Bach no início deste século, o novo sistema tinha por princípio "... tratar a personalidade e não a enfermidade..." Devido a traumas e repressões, conscientes ou inconscientes, passamos a negar certos desejos, emoções e acontecimentos, tentando mantê-los longe da lembrança, criando máscaras ou véus que encobrem o verdadeiro "eu". Tais atitudes, a princípio, são uma boa defesa, pois diminuem momentaneamente o sofrimento emocional.

Entretanto, se tentarmos manter indefinidamente bloqueado o acesso a determinados fatores psíquicos que nos são dolorosos, arcaremos com um alto preço: a somatização, ou seja, passaremos para o corpo tudo aquilo que tentamos esconder do nosso consciente.

Desse modo, as chamadas "enfermidades" não são vistas como um mal em si, nem como meros acasos, mas sim como verdadeiros avisos que inconscientemente passamos para nós mesmos de que algo falta ser compreendido.

Enquanto não resolvermos este algo, não será possível reverter verdadeiramente o desequilíbrio. Sem que haja a ampliação da consciência, todo e qualquer tratamento, por melhor que pareça, será um mero paliativo, mascarando e retardando os sintomas ou, ainda, simplesmente desviando a manifestação da desarmonia para outra parte do corpo. A Terapia Floral é totalmente centrada no indivíduo, sendo a sua atuação voltada para as emoções conscientes ou que estejam muito à superfície, ou seja, bastante evidentes. Trata, assim, a terapia floral, de nossos véus, de nossas máscaras, nossas Personas.

Para a ciência convencional, um remédio só é eficaz se tiver sua ação terapêutica explicada pelas substâncias nele contidas. Ao fazer-se uma análise química de uma essência floral, lá só encontraremos água e conhaque, o que não poderia explicar a sua ação terapêutica. A partir daí, acusa-se a técnica floral de ser apenas um placebo, ou seja, funciona apenas se quem a usa sente-se sugestionado pelo seu suposto efeito benéfico.

Segundo estatísticas da própria ciência, o chamado efeito placebo (auto-sugestão) só funciona em 30% das pessoas. Na prática, as essências florais têm efeito nítido em quase todos os casos, ultrapassando em muito a estatística esperada caso fosse apenas auto-sugestão. Essa hipótese dilui-se cada vez mais ao observamos os ótimos resultados em indivíduos com deficiências mentais, inconscientes e, até mesmo, em animais e plantas. A verdade é que a Química não é a ciência adequada para analisar o floral. Melhor seria se fosse a Física, pois o poder de atuação das essências não é químico, mas talvez, eletromagnético.

Edward Bach abandonou os métodos científicos e descobriu para que servia cada flor graças à paranormalidade. Tomando contato com as plantas e intuindo em quais emoções elas atuariam, elegeu as suas 38 essências florais. Elas são extraídas por métodos simples e naturais. As plantas devem nascer espontaneamente, ou seja, não são cultivadas. No auge de sua vitalidade, a flor é colhida e mergulhada em recipiente com água da própria região. A seguir, fica exposta por algumas horas ao sol ou, em alguns casos, passa por uma leve fervura. Todas as flores assim colhidas são, então, engarrafadas e conservadas em conhaque. Cada uma delas adequa-se a uma situação emocional arquetípica, como o medo, a raiva, a tristeza, etc. Em alguns casos, há diferenças mais ou menos sutis de indicação entre uma essência e outra. É o caso, por exemplo, entre o Mimulus, essência para medos concretos, bem definidos, fobias, timidez, e o Aspen, também para medos, só que vagos, desconhecidos, pressagiosos. Sabendo-se para o que cada um dos florais é indicado, faz-se uma avaliação do quadro emocional consciente e escolhem-se de uma a no máximo seis essências colocadas, geralmente, num vidro âmbar de 30 ml com um terço de conservante, preferencialmente conhaque. Na falta deste, podese empregar vinagre. Completa-se o volume do frasco com água mineral. O conservante pode estar ausente, desde que não se permita a estagnação da água. De cada floral escolhido são utilizadas apenas 2 gotas, exceção feita ao Rescue Remedy, do qual se usam 4 gotas, pois, na verdade, não é bem uma essência, mas uma mistura de flores. Tomam-se 4 gotas da fórmula diretamente na língua, no mínimo de 4 ou 6 vezes ao dia, podendo-se reforçar o efeito tomando-se 1 gota por minuto em momentos agudos até que ocorra a melhora. Podese usar externamente misturando-se 4 gotas à água de banho e compressas, ou, ainda, em óleos de massagem e cremes. O chamado Creme de Bach, que já vem com as essências Rescue Remedy e Crab Apple, é vendido pronto para uso.

O uso contínuo dos florais levará a pessoa a uma melhor compreensão de suas emoções, e permitirá o aflorar de um material psíquico mais profundo. Amplia-se, assim, o autoconhecimento, numa espécie de "psicoterapia líquida" que resulta numa melhoria da qualidade de vida como um todo, podendo chegar até à reversão das somatizações. Ao ocorrer uma alteração no quadro emocional, muda-se também uma ou mais das essências escolhidas para que haja uma adequação para o novo momento. Geralmente, isso ocorre num intervalo de uma a quatro semanas, o que exige uma constante auto-avaliação.

No caso de se estar sob orientação profissional, deve-se retornar ao menos uma vez por semana para novas consultas.

 

Sabendo de antemão que os métodos de pesquisa ortodoxos em pouco elucidariam essas questões, encontrei as respostas na Sincronicidade (teoria junguiana da possibilidade de relação significativa, mas não causal, entre eventos).

Fazendo um levantamento sobre os deuses e lendas ligados a cada uma das plantas de o­nde se extraem as essências florais de Bach, descobri as "grandes coincidências" entre essas histórias e o momento emocional no qual o floral está apto a atuar. Fora isso, as características de comportamento de cada planta (o modo como cresce, seus terrenos preferidos, suas cores, etc.) correspondem exatamente ao tipo de pessoa à qual a sua essência floral poderá ajudar. E, por mais estranho que pareça a quem não está familiarizado com a idéia da sincronicidade, até mesmo a etimologia dos nomes das plantas já nos esclarecem para que elas servem.

Somando-se a isso, pesquisei o uso fitoterápico tradicional desses vegetais, em especial sob o enfoque milenar chinês dos Cinco Movimentos e constatei que, além de seu uso ara o equilíbrio de determinados sintomas físicos, tais plantas já eram usadas, sob a forma de chás, para as mesmas emoções para as quais Bach intuiu suas essências. Tais informações tornam esta obra útil tanto àqueles que estão se iniciando no estudo da terapêutica floral como, também, aos mais experientes, inclusive aos pesquisadores de novas essências florais, os quais têm agora mais um fio de meada a ser pesquisado, ou seja, a teoria da sincronicidade de C. G. Jung.

Um Pouco de Jung

Precisaremos, neste ponto, elucidar alguns termos básicos utilizados na terapêutica junguiana.

Arquétipos, por exemplo, representam um conceito tão difícil de explicar como o Tao, ou Deus, pois são padrões ou motivos universais que emanam do Inconsciente Coletivo (ou, como preferia Jung, Psique Objetiva). Tais motivos foram incorporados por experiências reiteradas, coletivas e significativas da humanidade. Irrepresentáveis em si mesmos, constatamos seus efeitos quando se manifestam na consciência como imagens e idéias arquetípicas, ou seja, como Símbolos, melhor expressão possível para algo essencialmente desconhecido. Arquétipo e Símbolo são opostos complementares. O primeiro representa o passado, o herdado, o coletivo, aquilo que é a Verdadeira Realidade, a qual não pode ser contatada diretamente pelo nosso racional, mas apenas indiretamente, pelos seus efeitos. O segundo constitui a cultura, o adquirido, o individual e se manifesta na realidade relativa de nosso conhecimento e consciência. Assim sendo, os arquétipos representam a dinâmica de nosso inconsciente e os símbolos são as referências de nossa consciência. As estruturas arquetípicas podem ser comparadas ao eixo, ou molde-informação de um cristal. Ao formar-se, o cristal obedece a um padrão de forma predeterminado por um eixo axial, o qual não possui, entretanto, existência própria, sendo, pois, pura forma.

Mesmo assim, ele predetermina a estrutura geométrica do cristal, não impedindo, porém, que surjam particularidades que os diferenciem uns dos outros. Igualmente, as estruturas arquetípicas são pura forma que dão estrutura aos símbolos. O arquétipo não é, necessariamente, um resíduo de experiências realmente acontecidas. É muito mais um desejo, que, como tal, busca realizar-se e repetir-se. Por exemplo, não que alguma vez existiu um "Ancião Sábio", que a tudo conhecia. O que sempre houve foi o desejo universal no homem de que ele existisse. O universo dos arquétipos é nosso passado vivo e nosso futuro possível, coordenadores de nossas energias e moldes comportamentais aos quais recorremos e incorporamos inconscientemente ou não, atraídos que somos pela ressonância entre nossa situação e a que eles representam.

Símbolo é a melhor expressão possível para designar algo desconhecido ou incapaz de ser descrito por palavras. Vários significados são atribuídos a cada flor individualmente, mas, no geral, as flores simbolizam o princípio passivo, o feminino por excelência. Corresponde ao yin chinês. O cálice da flor é o receptáculo da atividade celeste (yang), que como uma taça, é capaz de receber a chuva e o orvalho, símbolos de tudo o que vem dos céus e nos influencia. Para o Taoísmo, em especial noTratado da Flor de Ouro, a flor é o símbolo da conquista de um estado espiritual elevado. A floração é o resultado da alquimia interior, é o retorno ao Centro Espiritual (alma), também conhecido por estado primordial. Para os antigos celtas, a flor é o símbolo da instabilidade essencial de toda a criatura, voltada a uma perpétua evolução e, em especial, simboliza o caráter fugitivo da beleza. Este sentido se reforça pela figura lendária chinesa de Lan Tsai Ho, que carregava uma cesta de flores para melhor estabelecer o contraste entre sua própria imortalidade e a efêmera duração da beleza e dos prazeres. Ainda entre os antigos chineses, a flor é um dos símbolos do chamado Movimento Madeira, vinculado à primavera e à expansão. Assim sendo, é de se supor que a Flor, como representação do Yin, seja capaz de nos levar, por similaridade, a travar contato com outros símbolos femininos, além de nos tornar receptivos à ação de seu complemento, o Yang. A profundeza de nosso ser, nosso inconsciente e todo o material psíquico reprimido e por conseqüência corporificado, são classificados numa visão milenar como Yin. Na terapia junguiana, essa porção inconsciente de nosso psiquismo é chamada de Sombra (Yin). Seu par complementar é a Persona, classificada como Yang. É a nossa máscara ou o papel social do indivíduo, isto é, o mediador que protege o sujeito em suas relações. O uso das essências florais yin atuará diretamente em seu oposto, yang, assim como o negativo atrai o positivo. Sua atuação será, portanto, em nossas Personas, nossos aspectos conscientes, e nos véus com que nos apresentamos perante o mundo. Esse contato com a Sombra trará à luz a consciência, ou seja, o material psíquico reprimido que a constitui. A Flor, como símbolo do receptáculo do que vem dos céus, explica por que as essências florais nos levam a receber as intuições e insights provenientes de nosso Céu Interior que é nossa essência divina. Torna-se também mais nítida a lembrança dos Sonhos, verdadeiro manancial de informações sobre nossa essência e elo de ligação entre o inconsciente e o consciente. As flores, representação de tudo o que é transitório e efêmero, levam-nos rapidamente a uma mudança de um quadro emocional para outro. Por também simbolizar o Movimento Madeira chinês, cuja orientação é a de expansão e de aflorar de nosso ser, de nossos sentimentos, as essências florais nos levam a tomar contato com as informações sobre nosso eu, juntamente com a sua carga emocional correspondente. A informação fria e simples, a compreensão puramente racional de alguma realidade psíquica dificilmente terá força suficiente para mudar nossas vidas. Entretanto, se a informação vier acrescida de emoção (do latim e-xmovere = mover para fora), aí sim haverá potência para movernos, mobilizarnos para uma expansão pessoal.

Instâncias Psíquicas e Constelação Arquetípica

Instâncias Psíquicas são como "indivíduos dentro do indivíduo". São Complexos, isto é, grupos emocionalmente carregados de imagens ou idéias comandados por uma imagem arquetípica aos quais Jung atribuiu a formação de parte da estrutura psíquica funcional. Exemplos de instâncias psíquicas: Sombra, aquilo que somos, mas ignoramos ser; Persona, aquilo que somos em função dos outros; Anima, nossa porção feminina; Animus, nosso lado masculino; Plenitude, o que somos, porém, ainda não realizado; Self, o que somos como aspiração da totalidade.

Eis alguns exemplos de arquétipos: Deus representa o imutável, o imortal, o poderoso, a fonte de toda a energia de realização; o Mal, força que se opõe à realização, o adversário; a Grande Mãe, a geradora, o mutável, o móvel, a permanência na transformação; o Ancião Sábio, o saber ancestral que não foi alcançado pela aprendizagem, mas pela revelação; Incesto, tendência a voltar às origens, às aspirações regressivas; Mercúrio, a sabedoria que está por aflorar; Morte e Ressurreição, transformação; Ciclos, tudo se repete e está governado por ritmos; Paraíso Perdido, estado de plenitude e felicidade absolutas perdido devido ao pecado; Criação do Mundo, o mundo foi criado no passado por obra divina; Criança, permanência do indivíduo em estados infantis; Salvador, anseio da humanidade por uma redenção através de um ser superior que nos restaure o paraíso perdido; Unidade, complexo psíquico inconsciente de retornar à unidade perdida; Hermafrodita, união dos contrários num novo nível de consciência; Dualidade, representa o que está em movimento, capaz de gerar vida nova; Pedra Filosofal, a transformação alquímica do sujeito, sua aspiração à imortalidade e sabedoria; Batismo, uma nova oportunidade de realizar-se; purificação; Fim-do-Mundo, a transformação por meio de um holocausto; Afrodite, esquema do amor sensual e da inconstância; Herói, o indivíduo escolhido para uma missão transcendente.

Florais de Bach e suas Imagens Arquetípicas Associadas: serão abordadas cada uma das essências florais de Bach, em ordem alfabética, sendo sempre destacados os aspectos históricos, as lendas, tradições culturais e até mesmo os nomes científicos e populares, cores e formatos das plantas, comprovando o quanto estes aspectos são significativos por estarem em Sincronicidade com as funções terapêuticas de cada floral, constituindo-se em uma considerável fonte de informações. Na verdade, este mesmo método descritivo foi a solução encontrada pelas culturas milenares de preservarem e difundirem seus conhecimentos sobre as plantas, transmitindo sua sabedoria, geração após geração, da forma mais lúdica possível e que neste livro nos auxiliam a gravar a aplicação prática de cada essência, pela associação imediata que fazemos, já que as imagens arquetípicas são parte de nosso inconsciente coletivo.

Incluiu-se, também, ao final de cada explanação, o uso fitoterápico tradicional correspondente às plantas utilizadas por Bach para suas essências florais. Interessante destacar que sob a forma de chás, compressas e similares, essas plantas já eram utilizadas para inúmeros fins terapêuticos, inclusive, pela Terapia Tradicional Chinesa, cujo raciocínio através de cores, sabores e aromas determinam a utilidade de cada planta. Como poderão constatar, já era de conhecimento universal a utilidade das plantas selecionadas por Bach, cabendo a este o grande mérito de codificar um método prático e natural de extrair e utilizar suas propriedades terapêuticas, aliás de modo semelhante ao aplicado por algumas tribos indígenas brasileiras, que utilizam folhas e flores mergulhadas em cumbucas com água, expostas sob o sol, para preparar suas poções.

 

Agrimony

Agrimônia, Agrimonia eupatoria

Seu nome vem do latim acre ou agri que significa ácido, azedo, camponês, rude, violento. Possui a mesma raiz de agredir, agressão. Eupatoria, do grego eupatórion e do latim eupatorium, tem a ver com eupatia (resignação, paciência). Esta nominação se deve ao rei Mitridates Eupátor, que introduziu oficialmente o uso terapêutico dessa planta. Seu sobrenome significa "de bom nascimento, de pai ilustre". Isto traz uma situação de convivência de opostos no nome dessa planta que encontra sincronicidade com a utilização de seu floral, útil para aqueles que disfarçam seus tormentos sob a forma de bom humor, dissimulação, muitas vezes necessitando de estímulos excitantes variados, tais como festas, bebidas, tóxicos, etc., para que consigam dissimular seu verdadeiro estado. Sua cor verde, representativa da bílis, da raiva e do Movimento chinês Madeira (associado à extroversão), é tão forte que, na antiguidade, seu pigmento era usado para tingir lãs e peles, disfarçando a verdadeira natureza da roupa. O tipo Agrimony de Bach atua de forma semelhante, uma vez que dissimula aquilo que realmente sente, ao manter na superfície uma aparência de que está tudo bem. Costuma nascer à beira de estradas e possui frutos que, tal qual a Bardana, com a qual é comumente confundida, tem muitos ganchos que aderem às roupas dos transeuntes. Isso reflete, mais uma vez, as características de personalidade às quais o seu floral se adequa. Trata-se da pessoa muito sociável e que evita ficar só, para que não tenha chance de pensar profundamente em si mesmo e assim contatar seus tormentos interiores. Citada nos escritos de Plinio e Dioscórides ("EupatoriadosGregos"), essa planta era dedicada a Atenas (Minerva), deusa da vitória pela sabedoria e pela verdade. Nascida de uma machadada na fronte de Zeus (Júpiter), essa deusa simboliza o resultado da intervenção social na consciência individual, "...a síntese pela reflexão... a inteligência socializada...". Em seu escudo está a cabeça da Medusa, espelho da verdade, que mostra aos seus adversários as suas verdadeiras imagens. Mais uma sincronicidade com o tipo Agrimony de Bach, que tem que enxergar a sua verdadeira face, tomar contato com a sua realidade interior, digeri-la, assimilá-la e aprender a usar seu potencial não só em superficialidades, mas também nas profundidades de si mesmo para a expansão do verdadeiro eu. O sabor ácidofrio da Agrimônia faz com que atue nos distúrbios Terrayang, ou seja, problemas com o peso, dificuldades de digestão dos alimentos e das idéias, pensamentos superficiais e levianos, especialmente se estimulados com sabor docequente, tais como álcool e guloseimas; Metal-yang, distúrbios intestinais comuns em quem prende as suas raivas e tormentos e prende igualmente a evacuação, tornando-se enfezado, que literalmente significa "cheio de fezes"; e Madeira-yang, distúrbios de fígado e vesícula; exteriorização de superficialidades, problemas de visão, comuns em quem não quer "enxergar a realidade", além de afecções da garganta (somatização daqueles que têm muitas questões "entaladas na garganta").

Aspen

Choupo, Álamo, Faia preta,

Populus tremula, Populus nigra

Originário da Europa e Ásia, no Brasil é cultivado na região Sul o choupobranco, Populus alba, da mesma família e de propriedades terapêuticas semelhantes. As folhas dessa árvore tremem à menor brisa, assim como as da Bétula, Betula alba, como se um temor secreto as ameaçasse. Dai sua essência floral ser indicada para os que padecem de medos inexplicáveis e vagos, paranormais, pressagiosos.

Uma antiga tradição diz que não se deve revelar um segredo perto do choupo ou da bétula, pois com o sussurrar de suas folhas eles contarão para o vento, que rapidamente espalhará a notícia. Tais plantas são, por isso, dedicadas a Hermes (Mercúrio), mensageiro dos deuses, em especial os do inferno.

Como mediador entre as divindades e os homens, esse personagem mitológico simboliza a capacidade de acesso aos nossos infernos e céus interiores para que obtenhamos respostas àquilo que desconhecemos. Hermes é, portanto, o deus do hermetismo, do mistério e da arte de decifrá-lo.

Com suas sandálias aladas que lhe concediam grande mobilidade, era o deus das viagens, sendo que suas imagens eram comuns nas encruzilhadas dos caminhos para afastar os fantasmas e os perigos. Temos aqui imensas sincronicidades com o floral Aspen, capaz de levar quem o toma a afastar seus fantasmas e medos desconhecidos, trazendo mensagens do "eu superior" para que decifre a origem de seus temores, compreendao-s, aprenda a transcendêlos e a transformálos em ensinamentos e força. Isso é ratificado pelas lendas que dizem ter a cruz de Cristo sido feita da madeira do choupo plantado no paraíso por Seth sobre o túmulo de Adão. Dizse que, após a crucificação, "episódio de fé, coragem e ressurreição", espalharam-se fragmentos da cruz por todo o universo, multiplicando os milagres a ponto de ressuscitarem os mortos. Na Alemanha, a árvore da cruz tem suas raízes no inferno e a rama no trono de

Deus. Nas lendas orientais, as árvores das quais são feitas as cruzes servem como escada para os homens chegarem até Deus.

A cruz é "... o cordão umbilical jamais cortado com o cosmo, o intermediário, o mediador, reunião permanente do universo e comunicação terra-céu, de cima para baixo e de baixo para cima... é a grande via de comunicação...". Tudo isso força ainda mais o aspecto mercuriano do choupo e de seu floral como via de acesso sadio ao inconsciente para despertar a força interior. Entre os antigos chineses, medo e força são como dois lados da mesma moeda, aspectos yin e yang do Movimento Água, de caráter descendente, ligado ao aprofundamento, à sobrevivência, à direção Norte e ao frio. Essa árvore, além de ter folhas sensíveis à menor brisa, possui uma madeira que se toma oca com o tempo. Esse "vazio interior" é indispensável para se ouvir o próprio Eu de o­nde surge a verdadeira força. Pode-se ver isso por suas raízes, que penetram profundamente nos rochedos, e em sua adaptabilidade ao clima frio e à região Norte. Outra conexão com a dualidade medo/força do Álamo é o fato de ser essa planta dedicada a Hércules. Quando Hércules desceu aos Infernos, fez para si uma coroa com seus ramos. O lado das folhas voltado para si permaneceu claro, enquanto que o outro tomou a cor sombria da fumaça, simbolizando a dualidade de todo ser. Curiosamente, essa árvore vive nos lugares úmidos, mas com ela se fazem fósforos (água/fogo). Vários personagens míticos foram transformados em Álamos: as Helíades, por confiarem ao irmão Faetonte a condução da carruagem solar; uma Hespéride, por ter perdido os pomos do Jardim Sagrado; Leuce, transformado por Hades, colocandoo à porta dos infernos para ter perto de si o mortal que amava. Simbolizando os Infernos, a dor, as lágrimas, essa árvore funerária representa as forças regressivas da natureza. A pessoa Aspen precisa aprender a descer aos seus Infernos para descobrir os seus medos e transmutá-los em força hercúlea. Os sabores predominantemente amargo-frio (cascas e folhas) e picante-frio (seiva) dessa planta que contém tanino e salicina, equilibram os problemas Fogoyang (febre, excitação insensata); Terra-yang (excitação psíquica, insensatez); Água-yang (problemas ósseos, delírios) e Águayin (desmineralização, delírio melancólico, medos insensatos).

Beech

Faia, Fagus sylvatica

Árvore européia da família das Fagáceas, a mesma do carvalho e do castanheiro. Pode viver até três séculos formando bosquetes violentamente agitados pelos ventos. O poeta Virgílio, no primeiro verso das Bucólicas, descreve Títiro compondo árias sob a sombra de uma grande Faia. Na verdade, sua sombra é fatal para toda a vegetação herbácea, em especial para a Anemona pulsatilla, que corresponde às pessoas chorosas, dóceis e frágeis. Tais características fazem do seu floral ideal para pessoas arrogantes e excessivamente críticas, que aniquilam os mais frágeis com suas reações intolerantes, assim como a faia que se agita violentamente acaba com a vegetação que lhe está à volta, como se só fossem dignos de

existir aqueles que lhe sejam semelhantes. Suas flores lembram uma coroa, enfatizando o seu ego e seu nome, cuja raiz phagus (latim) ou phagein (grego), significa comer. É a mesma raiz de fagócitos, célula orgânica capaz de envolver e aniquilar micróbios e partículas, e de fagedênico, aquele que corrói as carnes.

Isso salienta a predisposição desse tipo de pessoa para julgar e condenar aos que a cercam, assim como fazem os fagócitos.

Os sabores amargofrio e ácidofrio dessa planta que contém tanino fazemna atuar nos distúrbios Fogoyang (febre, mania, agressividade); Terra-yang (tensão, perda do apetite, pensamentos exaltados, espírito crítico); Madeira-yang (reações alérgicas, agressividade), daí suas propriedades adstringentes, anti-sépticas, aperientes e febrífugas. O uso de seu floral leva a pessoa a atuar como a Faia dos versos do poeta, a qual, em vez de criticar os que estão sob si, inspira-os e os protege com a sua força.

 

Centaury

Centáurea Menor, Fel-da-Terra,

Centaurium umbeliatum, Erytroea centaurium

Também conhecida como ErvadeQuíron, pois era essa planta que o mais sábio dos centauros utilizava para cuidar das feridas de Hércules. Além de cicatrizante, é febrífuga, aperiente e estimulante hepático. Sua flor rosapálido (Erytroea vem do grego erythrós = rubor, vermelho, vinho, sangue) possui cinco pétalas, cujo simbolismo é o da força de vontade superior, o que se realça pelo fato de ser tal planta a que recuperava o poder do herói Hércules. Seu sabor amargo-quente regulariza os distúrbios Madeira-yin (deficiência imunitária, falta de de sejo sexual, inibição); Terrayin (fadiga, obnubilação intelectual) e Metal-yin (febre, dificuldade de movimentar os membros, prostração, tristeza), despertando as defesas, a força de vontade e o poder de raciocínio. Com a flor dessa planta se faz a essência floral Centaury, que serve para aqueles que têm pouca vontade própria e se deixam explorar pelos outros.

Cerato

Cerato, Ceratostigma willmottianna

Planta de origem tibetana, foi levada para a Inglaterra, tendo sido encontrada por Bach em seu próprio jardim. Suas flores azuladas e lilases formam pequenos cones voltados para todas as direções, como querendo "dar ouvidos" a todos. Proveniente do Tibete, terra dona de uma tradicional sabedoria posta à prova pela dominação estrangeira da China, o Cerato torna-se ainda mais alienígena na Europa, o­nde parece duvidar de sua própria capacidade, daí a postura de suas flores, como a querer "ouvir conselhos". Seu floral está em sincronicidade com todos os que têm falta de confiança na própria opinião e se apegam a doutrinas populares, a conselhos e opiniões alheias. A palavra Ceratostigma significa cera ou ungüento feito de cera e outros ingredientes; e estigma, parte da planta adaptada para receber o pólen fecundante. O nome certamente se deve à sua capacidade de fornecer às abelhas os ingredientes para a fabricação do mel e da cera, os quais têm o simbolismo de alimento da imortalidade, da doçura e, em especial, do conhecimento e da sabedoria, tendo dado o dom da poesia a Píndaro e o da ciência a Pitágoras. A Igreja primitiva usava cera para simbolizar a carne de Cristo e com ela modelava pequenos cordeiros que eram distribuídos aos comungantes. A Eucaristia é um rito ligado à operação alquímica da coagulatio, que é a incorporação, por parte do ego, de uma relação com o Self arquétipo do que somos como aspiração da totalidade. A conexão com a coagulatio, processo de transformação das coisas em terra, ou seja, coagulação, concretização de um conteúdo psíquico numa forma localizada particular, se reforça pela doçura do mel e da cera, que incitam o desejo, outro agente desta mesma operação alquímica do elemento Terra ocidental. Pelo sabor doce é feita a inclusão da cera também no Movimento Terra chinês, que significa o centro, o equilíbrio, a sabedoria. Tais simbolismos tornam claro que o floral Cerato leva quem o toma a entrar em contato com o seu "eu superior", despertando a sabedoria interior. Outro significado do vocábulo cerato é córnea, daí as palavras ceratite: inflamação da córnea e ceratocone: deformidade da córnea em forma de cone, cujo significado é ligado ao do olho, símbolo universal da sabedoria e percepção intelectual, ratificando ainda mais a vocação da essência da flor do Cerato. Não há registro nos tratados tibetanos do uso terapêutico do Cerato, mas, devido às suas características específicas de sabor doce-quente, opõe-se aos distúrbios Terra-yin (problemas intestinais, obnubilação intelectual); Fogo-yin (abatimento, timidez, confusão mental, estado estuporoso) e Madeira-yin (inibição da acuidade visual e das decisões, queda da autoconfiança). Possui ainda efeitos tônico-cardíacos, regularizadores, laxativos e estimulantes imunitários.

 

Cherry plum

Cerejeira, Prunus cerasifera

A floração da Cerejeira é um dos espetáculos naturais mais apreciados no Japão. A flor de sakura é o símbolo do ideal cavalheiresco. Efêmera e frágil, que o vento não tarda a levar, é também o emblema adotado pelos samurais para exemplificar a devoção de suas vidas. A cereja em si simboliza o ideal guerreiro e a sua busca da transcendência, pois é preciso romper a polpa vermelha para se alcançar a semente, ou seja, sacrificar o sangue e a carne, a fim de alcançar a pedra angular da pessoa humana. Seus sabores que variam do ácido-frio (adstringente) ao doce-frio (laxativo) cuidam do excesso de ácido

úrico, problemas do fígado e vias urinárias, além de atuar nas questões Madeira-yang (exteriorização das emoções, fúria, etc.); Terra-yang (muitos pensamentos) e Água-yang (tendências passionais). Com a flor da cerejeira se faz a essência floral Chery plum, a qual, por manter o guerreiro voltado para a busca espiritual, é ideal para aqueles que têm medo de soltar-se, de perder a cabeça e tomar atitudes das quais possam se arrepender.

Chestnut bud

Botão do Castanheirodaíndia, Aesculus hippocastanum

Na China antiga, o Castanheiro correspondia ao outono e ao Oeste, sendo plantado sempre voltado para essa direção. Simbolizava a própria Previdência, pois seu fruto serve de alimentos durante o inverno. Aliás, Aesculus pode significar "bom para sustento", ou ainda, carvalho, ou, indo mais além, Esculápio (do latim Aesculopiu e do grego Asklepiôs, que recebeu a terapêutica do centauro Quíron). Hippocastanum seria castanha de cavalo, pois acreditavase que esta planta tratasse qualquer distúrbio dos cavalos. Símbolo inseparável do de cavaleiro com o qual muitas vezes se alterna ou se funde, como nos centauros, o cavalo representa o psiquismo inconsciente, das sombras e da luz, transportando o homem aos mistérios inacessíveis à razão. Os sabores amargo-fresco e picante-fresco das castanhas e ácido-fresco e amargo-fresco das cascas possuem um tropismo para os distúrbios Terra-yang (distúrbios de aprendizado, problemas com circulação) e Madeira-yang (problemas com circulação e de próstata, ansiedade). Do botão da flor do castanheiro se extrai a essência floral Chestnut bud; originas e de um broto "inexperiente", que ainda não desabrochou, um Asclépio ainda aluno que irá aprender a ser previdente como o castanheiro maduro. Esse floral é indicado para quem não aprende com as experiências da vida e repete sempre os mesmos erros.

 

Chicory

Chicória, Chicorium intyhus

Esta hortaliça envolve com suas folhas os pequenos ramos e brotos, sufocando-os e atrapalhando o seu desenvolvimento. Age igualmente com as suas flores azuis, abraçando-as como que querendo-as só para si. Se o seu eixo central fordobrado, os brotos e as flores desabrocham e mostram o seu verdadeiro potencial. Seus sabores amargo-quente com tropismo Terra e amargo-frio com tropismo Água são normalmente utilizados como aperientes, tônicos, diuréticos, remineralizantes, antifebris, harmonizadores do fígado. As flores são utilizadas em casos de irritação dos olhos. Suas propriedades amargo-quente aumentam a excitação e trazem mais vida. Combatem problemas Fogo-yin, como a melancolia e diminuem os distúrbios Terra-yin, como a obsessão e as preocupações excessivas. Suas substâncias amargo-frio com tropismo Água, diminuem os distúrbios Águayang, como o abuso da autoridade. De sua flor extrai-se a essência floral Chicory ideal para os chantagistas emocionais.

 

Clematis

Clematite, Vinha branca, Barbadevelho

Obs.: existem outras plantas conhecidas por esse mesmo nome, como a Tillandsia recurvata, Clematis vitalba (classificação de Lineo) ou ainda, Coco do levante/Coca do levante, Anamirta cocolus (classificação de Martius)

Trepadeira da família das Ranunculáceas e do gênero Clematis, equivale aos nossos Cipó Una (Clematis dioica variação brasiliana), Cipó do Reino (Clematis campestris) e BarbaBranca (Clematis hilani), pouco citados na literatura fitoterápica por serem narcóticos, venenosos e alucinógenos. Seus frutos não devem ser comidos e suas partes não servem para se fazer chás. A não ser para um cuidadoso uso externo eu não a recomendo, a não ser sob a forma de florais. Talvez por seus efeitos alucinógenos é que, na Europa, a Clematis também é conhecida como Traveller's joy (alegria do viajante). Por tais características, não é de se admirar que sua essência floral sirva, justamente, para aqueles que estão distraídos, desinteressados do presente, fugindo dele por meio de devaneios e "sonhando" acordados. Seu formato de cipó (trepadeira) evoca o simbolismo da ligação primitiva entre o Céu e a Terra, além do amor, pela dualidade com a árvore à qual se enrosca e se atrela. Isso faz com que "aterrisse" o tipo Clematis, fazendo-o descer dos céus "por o­nde está divagando e atrelandoo ao chão", à realidade, dando-lhe ground. Aliás, clematite vem do latim clematite e do grego klematitis, que significa madeira de sarmento, ou seja, rastejante, trepadeira, seca, que serve para o fogo (rastejante: perto do chão, da realidade; fogo: que sobe). A ambivalência se reforça pelos seus frutos que são como vinhas silvestres e

evocam a porção selvagem do simbolismo do vinho, capaz de promover a iniciação e o conhecimento, mas que, como todo ritual Dionisíaco (Baco), por causa da embriaguez, pode dificultar o posterior recontato com a realidade num ego frágil. Devido aos seus sabores picante e azedo-quente, atua nos distúrbios Fogo-yin (desmotivação, confusão mental); Água-yin (problemas ósseos e de urina, sonolência, falta de "pés-no-chão"); Metal-yin (dificuldade de movimento, distração, introspecção); Terra-yin (tédio, distração, dificuldade de concentração) e Madeira-yin (problemas de vesícula, fraqueza, diminuição da acuidade visual e auditiva, inibição da musculatura e das decisões). Observação: as mesmas propriedades terapêuticas são encontradas no Alecrim (Rosmarinus officinalis) sem a inconveniência da toxidade. De sua flor se extrai a essência Rosmarinus do sistema dos Florais de Minas e que equivale ao Clematis de Bach.

 

Crab apple

Macieira, Malus pumila

Na cultura cristã, por sua forma esférica, a Maçã representa os desejos terrestres e a complacência em relação a eles. A proibição imposta por Jeová alertava o homem contra a predominância desses impulsos, devendo escolher entre os desejos terrestres e a espiritualidade. Ao comer do fruto, o casal primordial sentiu vergonha do próprio corpo. A idéia da maçã como "fruto proibido", coloca a essência floral da macieira em sincronicidade com os que se sentem sujos e impuros, despertando assim o sentido mais elevado da fruta, que é o símbolo do conhecimento representado pelo pentagrama forma do pelo desenho de suas sementes ao ser partida ao meio. O sabor doce-frio dessa fruta a torna apta a tratar das questões Terra-yang (problemas de peso e de digestão, manias e melancolia); Metal-yang (problemas respiratórios e de pele, tristeza e conduta anti-social). Há ainda o seu lado ácido-quente que atua no Fogoyin (debilidade cerebral, autoculpabilidade e melancolia) e Metal-yin (manchas na pele, estado melancólico). A maçã é tradicionalmente usada como um poderoso depurativo, além de digestivo, daí a essência floral de suas flores (Crab apple) ser considerada o "depurador" do sistema Bach, ou seja, um depurativo para o físico e o psíquico que ajuda a "digerir" as próprias impurezas.

 

Elm

Olmo, Ulmeiro,

Ulmus procera, Ulmus campestris

O nome desta planta, Ulmus, contém raiz semelhante a úlmico e ulmina, que fazem referência a certos tipos de ácidos extraídos de vegetais. Procera significa alto, importante. As essências florais extraídas dessa bela árvore, largamente utiliza da na antiguidade por suas propriedades terapêuticas e por sua boa madeira, são ideais para aqueles que, como essa árvore, são normalmente fortes e úteis, bastante responsáveis, até mesmo desempenhando papéis de interesse coletivo, mas que estão passando por uma fase de desânimo e crêem ter assumido uma tarefa além de suas forças. O floral Elm auxilia a quem o toma a lidar melhor com as responsabilidades excessivas. Podemos evocar, ainda, a semelhança da palavra olmo e elm com helm (do inglês) e elmo, símbolo da invulnerabilidade, da potência e da invisibilidade, o que está em sincronicidade com a personalidade Elm, altamente altruísta (o que projeta em sua sombra a contrapartida de que se acha invulnerável, poderoso, podendo dar, mas não necessitando receber). Sente-se como que realmente possuidor do elmo presenteado pelos deuses, que o torna apto a vencer todas as tarefas, protegendo-o, mas que, em seu outro sentido, também recobre sua cabeça, como que escondendo algo, impedindo-o de contatar os desejos profundos de seu eu que lhe pede moderação. Tal a própria árvore Olmo, cujas flores desabrocham antes das folhas, invertendo o processo natural que lhe traria mais energia (respiração e fotossíntese), a pessoa Elm também exagera na sua obra, ignorando a natural necessidade de repor suas energias, ficando sem fôlego em situações inconvenientes. Seus sabores ácido-quente e amargo-quente fazem com que combata as perturbações Metal-yin (problemas de pele, estados melancólicos); Água-yin (problemas ósseos, falta de desejo sexual, sensação de fraqueza) e Fogo-yin (atonia, inibição, tristeza). É adstringente, diurética e tônica. Outra curiosidade do Olmo é que seu fruto substitui o lúpulo na fabricação da cerveja; o mesmo se dá com uma planta comum em território brasileiro de nome assemelhado, a Olmeira, ou Ulmárea (Spirae ulmaria), uma rosácea conhecida também como rainha-dos-prados. Essa bebida era destinada à classe guerreira e simbolizava a soberania. Seu uso se dava nos ritos de passagem, da fermentação, que leva o iniciado à incursão interior para a autodescoberta e o despertar de suas forças. Isso reforça a sincronicidade com o caráter realizador do tipo Elm.

Gentian

Genciana amarela,

Gentianeila amareila, Gentiana lútea

Esta planta deve seu nome a Genzio, rei da Ilíria (180 a.C.), que ressaltou suas propriedades terapêuticas. Destaca-se pela sua cor intensamente amarela, luz de ouro, do sol e dos deuses, símbolo da eternidade e da vitalidade. Para os antigos chineses, do negro é que nasce o amarelo, que representa o equilíbrio, a terra fértil, o imperador e o centro, tal como o Sol é o centro de nosso sistema. A Genciana seca no inverno e renasce na primavera, ressuscitando de sua morte aparente graças ao contato com o seu sol interior, expresso em sua cor amarela e em seu sabor tônico amargo-quente (Fogo-yang), tornando-a ideal no combate às perturbações Metalyin (problemas ósseos e respiratórios, melancolia, tristeza), Terra-yin (falta de apetite e de forças, manias e melancolia), Água-yin (problemas ósseos e tristeza). Por analogia da cor sabe-se de seus efeitos no corpo amarelo (estrutura formada no ovário o­nde se desprende o óvulo; gera vários hormônios que preparam o útero para a gravidez), daí seu uso contra esterilidade (distúrbio Terra-yin). Por todas essas características, o floral Gentian é indicado para quem está sofrendo uma tristeza por causa conhecida, levando a pessoa a um renascimento de sua situação invernal, contatando a primavera interior, reavivando-se sob o sol amarelo.

 

Gorse

Tojo, Ulex europaeus

Planta espinhosa da família das Leguminosas, sub-família das Papilionáceas. Cresce em terreno seco e pedregoso e, mesmo no inverno, quando a escuridão é mais longa e o clima mais frio, o Tojo ostenta suas flores que se assemelham a uma chuva dourada de vida e esperança em meio a um quadro desanimador. Seu floral Gorse, portanto, é indicado para os queestão sem esperança, despertando-lhes ânimo e força. As Papilionáceas têm na corola de suas flores um aspecto que lembra uma borboleta (do latim papilio), cuja simbologia, entre outras, é ligada à idéia de ressurreição devido à metamorfose da crisálida. Outra característica do Tojo são os espinhos, lembrando o despertar das defesas, o reagir. A coroa de espinhos de Cristo significa, ao mesmo tempo, as dificuldades e a irradiação de seu potencial, sendo muitas vezes esses espinhos representados envoltos por luminosidade. O Tojo é aparentado do nosso feijão (Phaseolus vulgaris, mesma família e subfamília), o qual é dotado de grande valor nutritivo. Seu sabor doce-frio atua nas questões Terra-yang (problemas digestivos e do pâncreas, manias e melancolia); Fogo-yang (angústia, mania de perseguição) e Água-yang (dores ósseas e musculares, insônia).

Heather

Urze, Caliuna vulgaris

Urze é um nome comum a várias plantas da família das Ericácias, da qual a mais conhecida é a azálea (Rododendron indicum). Do inglês Heath, urzal, charneca, dá-nos a entender que seu terreno preferido é o charco rústico, já seco e ácido. Em francês, Bruyêre, lembra bruyant barulhento. O floral Heather auxilia àqueles que não são de escolher muito bem suas companhias e os locais que freqüentam, pois são

como crianças carentes. Para elas, qualquer um é bem-vindo. Também não são discretos, já que buscam as atenções só para si. São muito faladores e ("barulhentos"). Egocêntricos, não conseguem suportar a solidão. A planta possui flores cor-de-rosa ou brancas, sendo cada ramo uma verdadeira comunidade de incontáveis flores em forma de pequenos sinos. As pessoas Heather, assim como as flores da Urze, são muito sociáveis, mas querem monopolizar a atenção: "Só faltam colocar um sino no pescoço". Quando equilibradas, passam a ser uma companhia agradável, aprendem a conviver em harmonia com os outros. Em vez de falarem apenas de si, tornam-se bons ouvintes, o que, aliás, tem a ver com o simbolismo do sino, que é o mesmo do ouvido, aquele que percebe o som primordial. Seu badalo evoca a posição de tudo o que está suspenso entre o céu e a terra, por isso estabelece uma comunicação entre os dois trazendo a harmonia. Análoga à Urze, existe a flor de Galanto (Campânula branca), símbolo do consolo e da esperança, já que floresce no fim do inverno anunciando com seus sinetes a primavera. Seus sabores são ácido-frio (ácido cítrico e fumárico), adstringente e doce-quente (amido), o que lhe dá um caráter energético ambíguo. Atua em distúrbio Água-yin (problemas ósseos, dores lombares, melancolia) e Água-yang (problemas urinários, excitação sexual permanente).

 

Holly

Azevinho,

Mirto espinhoso, Ilex aquifólium

São chamados de azevinho tanto a Ilex quanto o visco ou agárico (Viscum album), uma parasita chamada de aquilo que trata-tudo, planta sagrada, em especial para os gauleses, não só pelas propriedades análogas, como pelo seu uso nas festas natalinas européias, o­nde ambas, entrelaçadas, ornamentam as comemorações.

O nome do azevinho em inglês lembra holy, sagrado, ratificando a sua conexão com o Natal. É pois símbolo do amor universal, o que torna a sua essência floral Holly ideal para lidar com as emoções violentas, tais como ódio, inveja, ciúme, etc. O azevinho parece sempre verde, cor da bílis, da vesícula e do fígado no simbolismo chinês, o­nde pertence ao Movimento Madeira, associado à expansão, à extroversão, à raiva. O verde é, entretanto, o mediador entre o calor e o frio, tranqüilizador, refrescante e humano, primaveril, o despertar da vida. Seus frutos fortemente vermelhos, por um lado, reforçam a impressão de excitabilidade, de perigo (Movimento Fogo chinês). Por outro lado, lembram a cor do sangue, da vida. As características agressivas se reforçam por serem suas folhas fortemente denteado-espinhentas, terrívelmente agressivas e cortantes. Entretanto, com a idade elas se tornam macias e ovais, "perdendo os seus dentes". Aliás, seu crescimento é muito lento, paciente, chegando até aos 10 metros de altura e 300 anos de idade. Já suas flores são brancas, cor da morte e renascimento, de passagem, ora ausência de cores, ora a sua somatória. Para os chineses e para os astecas, o branco é a cor do Oeste, do outono, o­nde desaparece o sol, do início da morte e da introspecção. Há o simbolismo positivo também: para os chineses, o branco, relacionado ao Movimento Metal, pode também representar a alegria serena, a paz, a previdência e para outros povos, há conexão com a pureza. O seu sabor é amargo-frio, contém tanino e ilicina, o que lhe dá o poder de atuar nas questões Fogo-yang (tensão, febre, problemas intestinais).

Vale lembrar que um dos sinônimos de raivoso é enfezado, ou seja, literalmente "cheio de fezes". Assim sendo, a "soltar os intestinos" pode ser entre outras coisas, uma explosão de raiva.

Há ainda as questões Madeira-yang (tremores, irritabilidade) e Terra-yang (problemas estomacais, super-excitação psíquica, perda do senso moral). Para vários autores, não há nada melhor que o azevinho para tratar as dores do estômago e dos intestinos, por mais fortes que sejam.

 

Honeysuckle

Madressilva, Lonicera caprifohum, Lonicera periclymenum

Seus nomes, tanto em inglês, honey (= doçura) / suckle (=amamentar), quanto nas línguas latinas (madressilva no português; madreselva no espanhol; madreselva no italiano, significa "mãe selva"; e no francês, chêvre-feuille, "mãe cabra") enfatizam a idéia do doce amamentar, evocando uma regressão infantil a um passado gostoso e seguro no colo materno da "mãe positiva". O maternal é reforçado pelo caprifolium (cabra/folha). Na Índia, a cabra é Prakriti, a mãe do mundo. Foi com leite da cabra Amaltéia (ama de deus) que Zeus, quando criança, se alimentou. Em todas as tradições, é símbolo da ama-de-leite e da iniciadora (associada à manifestação divina). Por outro lado, há uma conotação de impulsos imprevisíveis (os pulos da cabra) e caprichosos (a palavra capricho vem de capri, cabra).

A madressilva exala um aroma agradável que durante o dia atrai os beija-flores, símbolo das relações entre o céu e a terra e da alma que se liberta. À noite, atrai as mariposas, símbolo da inconstância, "... como as mariposas se precipitam para a sua morte na chama brilhante, assim os homens correm para a sua perdição..." (BhagavadGita). Já periclymenum vem do grego perikleio e significa agarro-me, pois a madressilva é uma trepadeira que se agarra muito fortemente à sua árvore.

Assim sendo, a essência floral Honeysukle se destina aos que se mantêm ausentes do presente e se apegam nostalgicamente ao passado. A madressilva ajuda a pessoa a ter um relacionamento maior com o presente, ao mesmo tempo que preserva a beleza e o aprendizado do passado. Seus sabores salgado, doce e ácido, todos quentes, como ácido salicílico e mucilagem, tornam possível trabalhar distúrbios Água-yin (problemas articulares e das vias urinárias, falta de desejo sexual, tristeza, saudosismo); Fogo-yin (opressão do coração, friagem, melancolia) e Terra-yin (febre intermitente, insociabilidade, idéias fixas). É ainda um bom anti-séptico, adstringente,diurético e sudorífero.

 

 

Hornbeam

Carpa, Carpinus betulus

Em inglês, horn significa chifre e beam, irradiar, sorrir, direcionar. Em francês, charme quer dizer encanto, carisma. O simbolismo dos chifres e dos raios tem muita similaridade e são utilizados indistintamente nas obras de arte da antiguidade como indicadores de força e de poder irradiante. Para Jung, é ao mesmo tempo masculino, pelo seu poder de penetração, e feminino, porque possui uma abertura. E preciso reunir esses dois princípios para se atingir a harmonia. Os chifres da planta Carpa estão voltados para baixo, meio desanimados, de cabeça baixa. O seu floral, Hornbeam é ideal para o cansaço com a rotina, recuperando a força e a motivação. Já o nome Carpa é o mesmo do peixe que é tido como o único que, ao contrário dos outros, quando vai ser retalhado, fica imóvel "... assim deve agir o homem ideal perante o inevitável...". Na França, a carpa representa a discrição, a mudez. Por outro lado, na China e, em particular, no Japão, esse peixe é símbolo da perseverança e da coragem, pois, em época de procriação, sobe os rios nadando contra a correnteza, vencendo até as cachoeiras. Portudo isso esse floral reaviva as energias de quem o toma, pois não estavam ausentes como se nota pela simbologia do poder dos chifres e a coragem das carpas. Havia, isto sim, uma desmotivação (chifres voltados para baixo, carpas fora do período de acasalar) e precisavam apenas de unia quebra da rotina (época de procriar para as carpas) para despertar a vivacidade (os raios/chifres irradiando horn + beam). Seu sabor picante-quente atua nas questões Metal-yin (problemas respiratórios, melancolia, desmotivação, prostração); Terra-yin (corrimento nasal, obnubilação intelectual) e Água-yin (problemas respiratórios,

distúrbio nos meridianos do pulmão e do rim, cansaço, inapetência sexual).

 

Impatiens

Impaciência, Impatiens glandulifera

Planta similar ao BeijodeFrade (Impatiens balsamina).

Seu floral, conforme o seu próprio nome, é indicado para aquele que é impaciente, irritável, perfeccionista, muito rápido e que, por isso mesmo, tem dificuldades em lidar com os outros, não suportando a sua lentidão. A Impatiens tem suas sementes armazenadas em cápsulas que, quando maduras, permanecem em constante tensão prestes a se romper ao menor toque, lançando longe as sementes. Além do mais, mal brota da terra e já está florindo prematuramente. Nem por isso essa planta deixou de participar da harmonia da Natureza.

Por meio de seu floral, podemos, literalmente, beber da sabedoria desse vegetal. Seu sabor doce-frio, mucilaginoso, permite-lhe enfrentar os problemas Madeira-yang (insônia, irritação, agressividade); Fogo-yang (palpitações, angústia) e Metal-yang (tosse, garganta dolorida, insônia, agitação).

 

Larch

Lariça,

Pinheiro lariço, Larix decídua

Árvore européia da família das Coníferas que chega a atingir 30 metros. Decídua é o revestimento do útero que é desprendido após um período menstrual ou depois do parto. É também tudo aquilo que cai, caidiço, caduco. O Lariço ganhou esse sobrenome por suas pinhas que caem. Começam aí as sincronicidades do floral Larch com aqueles que se sentem "descartáveis", "caídos". É ideal para quem nutre sentimentos de inferioridade e se acha incapaz. Na verdade, o tipo Larch, em seu íntimo, é até mais capaz do que a maioria, mas não consegue se perceber assim. Do mesmo modo, o Lariço, externamente, apresenta uma casca cinzenta, sem vida, mas, por dentro, é de coloração vermelha, símbolo de força e vida.

Inclusive, é de seu interior que advém suas maiores propriedades terapêuticas. Trata-se da substância resinosa conhecida como terebentina-de-veneza que entra na composição de vários remédios. Como toda conífera, o Lariço é símbolo da imortalidade. Na Sibéria, é considerada a Árvore do Mundo, da qual descendem o Sol e a Lua, figurados por pássaros de ouro e de prata. Possui folhas em forma de agulhas, dispostas como uma "cabeleira despenteada" de o­nde brotam as pinhas. Se, por um lado, o "despenteado" traz um ar de quem está se desprezando, por outro, as agulhas e as pinhas também são símbolos de força, de poder e de renascimento. Seus sabores amargo e picante-quente atuam nos estados desequilibrados de Metal-yin (problemas respiratórios e de garganta, prostração, melancolia, baixa-estima) e Água-yin (problemas nas vias urinárias, inapetência sexual, tristeza, desânimo).

 

Mimulus

Mímulo, Mimosa, Mimulus guttatus

Plantada família das Escrofulariáceas, a mesma do Berro ou Escrofulária ou Erva-das-Escaldadelas (Scrophularia nodosa e aquática) e da Boca-de-Leão (Antirrhinum majus). Há, ainda, um paralelismo com certas plantas de nome assemelhado: Mimosops (Gutapercha), da família das Sapotáceas, espécie das gutiferáceas, que, assim como o Mímulo, fornece um tipo de goma-guta (guttatus). Há também a Acácia, da família das Leguminosas mimosídeas. Na maçonaria, o­nde às vezes os estudiosos também a confundem com a acácia, a Mimosa é o emblema da segurança e da certeza, no sentido de que a morte não é uma destruição total, mas sim uma metamorfose do ser. Em certas cerimônias, o Iniciado ao sair de sua tumba ou retiro é como a larva que se arrasta na obscuridade e se transforma na borboleta multicor que se lança à luz e ao sol, representados pela Mimosa de flores amarelas cor de ouro, símbolo de magnificência e potência com as quais o Iniciado é recebido. O Mimulus é uma planta delicada que, apesar de sua aparente fragilidade, cresce à margem dos rios, fincando firmemente suas raízes no cascalho e enfrentando as correntezas. Por isso, o "símbolo", a energia de sua essência "impressa" na água desperta em quem a usa a capacidade de lidar melhor com suas fobias, trazendo coragem para enfrentar os medos concretos. O tipo Mimulus é frágil, delicado, sendo por vezes tímido. Os nomes das plantas aparentadas à mimosa fornecem mais subsídios: berro, escaldadela e escrofulária. O primeiro, expressa medo; o segundo, lembra "gato escaldado tem medo de água fria" e o último, designa um tumor, uma ferida, reforçando a idéia de medo ante alguma ameaça de ser ferido. Os sabores doce-quente e ácido-frio das escrofulariáceas equilibram os distúrbios Água-yin (problemas ósseos e dos rins, fobias), Madeira-yin (problemas celulares, insegurança, timidez) e Madeira-yang (problemas circulatórios, manias).

Mustard

Mostardeirabranca, Sinapsis arvensis, Brassica Alba

Planta herbácea de até 60 cm de altura, possui flores branco-amareladas e sementes brancas ou amareladas com sabor agradável semelhante a nozes, mas inodoras, usadas para conservar carnes e pescados. A mostarda em pó é feita da misturadas sementes moídas da espécie branca e da negra (Brassica nigra, de sabor mais picante), às quais se acrescenta curcuma ou açafrão para que adquira a cor amarelo-brilhante característica. Os antigos gregos faziam a mostarda misturando as sementes com suco de uva. No Novo Testamento está escrito "o reino do Céu é como o grão de mostarda com que se semeia os campos. É a menor das sementes, mas se transforma na maior hortaliça e em seus ramos se aninham as aves do céu...". A semente da mostardeira destaca o simbolismo do grão que morre e se multiplica, representando as vicissitudes da vegetação, sendo comumente citada nos Hinos Homéricos. Destaca-se dos ritos da vegetação para significar a alternância da vida e da morte, pois com a morte da semente é que nasce a planta; da vida no mundo subterrâneo (semente sob a terra) e da vida à luz do dia (planta); do não-manifesto à manifestação. Toda vegetação está submetida à lei das mortes e renascimentos: "...se o grão não morre...", ciclo associado a Deméter (Cibele). Essa alternância entre o não-manifesto, subterrâneo, escuro, morte (grão semeado), e o manifesto, aéreo, claro, vida (o vegetal que nasce da morte da semente, mas que gerará novos grãos, reiniciando o ciclo), está em sincronicidade com o floral Mustard, que atua naqueles que sofrem tristezas cíclicas, sem causa aparente. O floral leva até eles o reino dos céus e traz para a superfície o conhecimento do real motivo da depressão, conectando-o consciente com o inconsciente. Isso se reforça pelo nome Sinapsis, que se deve pela maneira como suas flores estão "soldadas", ou conectadas entre si que é semelhante a sinapse, junção entre as células nervosas que formam uma cadeia de comunicação. Genericamente, significa conectar, reunir, soldar. Seu sabor picante-quente é estimulante de todas as funções do corpo, trazendo um bem-estar geral. Equilibra Metal-yin e Água-yin (intestinos soltos, prostração, melancolia).

 

Oak

Carvalho, Quercus robus

Com tamanho de até 40 metros, esse tipo de árvore chega até os 2.000 anos de idade. Carvalho é nome genérico de mais de 200 espécies de Fagáceas. Na antiguidade, os homens valorosos eram coroados com ramos de carvalho. Sob suas sombras, fazia-se justiça. Árvore sagrada em numerosas tradições, atrai os raios e simboliza a majestade. Havia o carvalho de Zeus, na Grécia, de Júpiter, em Roma, de Ramowe, na Prússia, de Perun, entre os eslavos. É sinônimo de força tanto moral, quanto física, daí seu sobrenome robus (robusto, forte). De sua madeira era feita a clava de Hércules (Heracles). É o eixo do mundo entre os celtas, os gregos e os iacutos siberianos, o que o torna instrumento de comunicação entre o Céu e a Terra. Sob seus pés, Abraão recebeu as revelações de Jeová. Ulisses, na Odisséia, consulta duas vezes a "... folhagem divina do grande carvalho de Zeus...". O Velocino de Ouro estava suspenso em um carvalho, daí outro de seus simbolismos, o de templo. Plínio, "o Velho", etimologicamente errado, mas sincronisticamente correto, traduzia druidas como homens de carvalho, devido à analogia com o grego drus (carvalho). Os druidas, em sua função sacerdotal, têm direito à sabedoria e à força. Por tudo isso, a essência floral Oak é ideal para aquele lutador que não se dá conta de estar indo além do limite saudável para as suas forças, assim como o carvalho, que pela sua robustez, acaba atraindo os raios. Seus sabores ácido e picante-quentes o habilitam a tratar das questões Terra-yin (intestinos soltos e com sangramento, problemas digestivos e de pele, obnubilação intelectual) e Metal-yin (problemas respiratórios crônicos, corrimentos, incontinência; uso externo, nas quedas de cabelo; prostração, melancolia).

Olive

Oliveira, Olea europoea

Apesar de seu sobrenome, a origem dessa árvore, que mede entre 2 e 10 metros e atinge até 100 anos, é asiática.

Sua simbologia refere-se à paz, vitória, recompensa, purificação e força. A mitologia conta que a primeira Oliveira nasceu de uma briga entre Poseidon, deus das terras e águas agitadas, dos abalos e tempestades, e Atena, deusa à qual é consagrada. No Hino Homérico a Deméter (Cibele), deusa dos ciclos, morte e ressurreição, ela é divinizada. Em Roma, além de Minerva (Atena), as Oliveiras eram ligadas a Júpiter (Zeus). Na China, acreditava-se que sua madeira poderia neutralizar venenos de cobra. No Japão, é a árvore da vitória, símbolo da amabilidade e do sucesso. Nas tradições judias e cristãs, representa a paz após um grande tormento. Foi um ramo de Oliveira que a pomba trouxe a Noé depois do dilúvio e foi no

morro das Oliveiras que Cristo ascendeu aos céus, após os três dias de sepulcro/inferno e de sua estada na terra. Por isso, a essência floral Olive é adequada àqueles que sofrem esgotamento extremo, físico e mental, especialmente depois de um longo período de tensão. No Islã, a Oliveira é a árvore central, o eixo do mundo. Diz-se que, por ser sagrada, um dos nomes de Deus está debaixo de cada uma de suas folhas. Por fornecer o óleo que queima nas lâmpadas, há a analogia com a luz, como expressa este versículo do Alcorão "...a luz de Deus é como um nicho o­nde se encontra uma lâmpada, que está dentro de um vidro; este contém um astro de grande brilho; ela mantém sua luz com a ajuda de uma árvore abençoada, a oliveira, cujo óleo ilumina, ou pouco falta para isso, sem que o fogo o alcance...". Da mesma forma, a pessoa tipo Olive deve aprender a ser como o azeite da oliveira e não se deixar consumir totalmente para que possa encontrar e espalhar a sua luz. Tem sabores amargo-fresco (folhas) com tropismo Terra-yang (problemas de pâncreas e de sangue, insônia) e picante-quente (azeite) com atuação Água-yin (problemas ósseos e de garganta, inapetência sexual e melancolia) e Terra-yin (fadiga, melancolia).

 

Pine

Pinheiro, Pinus sylvestris

No Oriente, o Pinheiro é símbolo da imortalidade devido à resistência de sua folhagem e incorruptibilidade de sua resina. Os imortais taoístas comiam seus grãos, agulhas e resina, alimentação que dispensava qualquer outra, tornando o corpo ligeiro e capaz de voar. Segundo o pesquisador de religiões chinesas, Henry Macero,"... as flores de pinheiro, do Céu da Pureza de Jade, dão o brilho de ouro a quem as come...". Céu, ouro, jade, são símbolos máximos do Yang, ou seja, força. Esses símbolos as seguravam ao defunto um novo nascimento, daí terem ornadas as suas vestes, corpos e túmulos com ouro e jade. No Japão, os Pinheiros são usados para a construção dos templos xintoístas, sendo, ainda, símbolos de uma força inquebrantável, forjada no decorrer de difíceis combates cotidianos. Representam os homens que souberam conservar intactos seus pensamentos, apesar das críticas que os cercavam, assim como o pinheiro sai vencedor dos ataques dos ventos e tempestades. O floral Pine serve para os que têm sentimentos de culpa, para que estes, assim como o Pinheiro, que não se curva aos ventos, também não se curvem facilmente às críticas e autocríticas, trazendo-lhes força e permitindo que renasçam. O renascimento/ressurreição é reservado aos puros, os sem culpa, os perdoados. Tal fenômeno é simbolizado pela pinha, a qual aparece nas mãos de Dioniso (Baco), que morria devorado pelos Titãs e ressuscitava. O Pinheiro também é dedicado a Deméter (Cibele), sendo que o abatiam e o enrolavam como a um cadáver, representando Átis (esposo da deusa) morto. O dia seguinte era de tristeza e de jejum por sua morte. Depois disso, passavam dos gritos de desespero para um júbilo delirante com banquetes fartos e alegria pelo retorno à vida do deus. Mais modernamente, essa árvore simboliza o período natalino, sendo usada nas comemorações do aniversário de Cristo, aquele que assumiu todas as culpas, perdoou e ressuscitou. Quanto à palavra pinheiro, que vem do latim pinu, e daí seu sinônimo, pino, teve seu sentido popularizado a partir do significado que lhe atribuíram astrólogos e astrônomos, por conta de sua verticalidade e aprumo, espiga com notável rapidez, levando nossos olhos ao céu, chegou a designar o ponto mais alto a que o sol pode chegar em sua marcha: o auge, o zênite, o cume...". Dai surgiram expressões como "pôr a pino", "empinar-se", sendo usado o termo pino na literatura como"... o perfeito equilíbrio moral, o aprumo do homem altivo de antes quebrar que torcer...". Seus sabores amargo e picante quentes são eficazes nas questões Metal-yin (problemas das vias respiratórias, tristeza, baixa-estima, culpa); Água-yin (problemas urinários, inapetência sexual, melancolia, tristeza, timidez) e Fogo-yin (tontura, sentimentos de culpa), graças às suas essências terebintina, pinina e cânfora, de características anti-sépticas e balsâmicas.

 

Red Chestnut

Castanheiro vermelho, Aesculus carnea

Na China antiga, o Castanheiro correspondia ao outono e ao Oeste, sendo plantado sempre voltado para essa direção.

Simboliza a própria Previdência, pois seu fruto serve de alimento durante o inverno. Aliás, Aesculus pode significar "bom para sustento", ou ainda, "carvalho", ou, indo mais além, Esculápio (do latim Aesculapiu e do grego Asklepiôs, que recebeu a terapia do centauro Quíron). Carnea é relativo à carne, polpa dos frutos, em "oposição ao espírito". Seu sobrenome atribui-lhe características diferentes dos outros castanheiros, graças à cor que se situa entre o ruivo e o negro (castanho-escuro), que é a mesma da gleba, da argila e do solo terrestre. Suas flores são avermelhadas e sua casca puxando para o castanho/carne. Essa coloração, na Roma antiga e na Igreja Católica, é símbolo de humildade (húmus, terra) e pobreza. Na Irlanda, é substituto do negro, com simbolismo infernal e militar. Relaciona-se com os excrementos, com o complexo anal e o sadismo. Essas observações freudianas são reforçadas pelas camisas pardas dos nazistas. O Asclépio (Esculápio, AEsculapiu) não é mais o aprendiz de Quíron, como no Chestnut bud, pois a carnea, cor da vida e do sangue, mostra que ele já faz uso do sangue corrido das

veias da Górgona. O sangue do lado esquerdo era venenoso, o do lado direito, benéfico, e sua tarefa era saber fazer uma correta dosagem. As Górgonas eram três, Medusa, Euríale e Esteno. Simbolizavam as forças pervertidas de três impulsos: sociabilidade, sexualidade e espiritualidade. Essa perversão ocorre no tipo Red chestnut, que na ânsia de querer proteger os entes queridos, tais como filhos, cônjuges e amigos, acaba se desgastando pela preocupação com eles, chegando, ainda, a sufocá-los com tantos cuidados. Essa situação, bem como a carnea, lembra cuidados maternais, sendo a mãe a responsável

pela encarnação de seus filhos, assim como a Virgem gerou a Encarnação do Verbo. Além disso, a cor carnea (castanho-escuro) é a cor da terra, que em si é Mãe. Nenhuma religião exaltou tanto a carne quanto a Católica, quer no sentido negativo (adversário do espírito, mortificação, virgindade, etc.), quer no positivo (fiel companheira do espírito, Verbo encarnado, ressurreição da carne, dentre outros exemplos). A carne assume também o valor de intimidade, não apenas corporal, mas, também, espiritual: "Carne da minha carne, sangue do meu sangue". Devido à superioridade relativa da mãe como fonte, ela pode voltar-se contra o consciente nascido dela e destruílo, assumindo o papel de devoradora absorvida pelo ciclo cego da criação. Do mesmo modo, o tipo Red chestnut é poderoso e cheio de energia, atributos usados nos cuidados maternais dos que lhe são próximos, carne de sua carne, sobre os quais imagina e projeta sempre o pior (características da sombria cor castanho-escuro). Podemos exemplificar com aquela mãe descontente com a gravidez ou com o resultado desta e que, inconscientemente, deseja a morte do filho, mas que é incapaz de aceitar a existência desse tipo de impulso. Passa então a compensar o filho com super-proteção, a qual, por um lado, afasta as "suspeitas de seu desejo secreto" e, por outro lado, o concretiza, castrando e sufocando a cria. Tal pessoa, típica Red chestnut, precisa olhar a Górgona Medusa que lhe mostrará a própria culpa, dando-lhe chance de reverter a perversão de seus impulsos, fazendo de si uma previdente como o castanheiro maduro, que alimenta e conforta no inverno/inferno, em vez de sufocar a carne de sua carne. Os sabores amargo-fresco e picante-fresco das castanhas e ácido-fresco e amargo-morno das cascas possuem um tropismo para os distúrbios Terra-yin (problemas circulatórios, obsessão) e Madeira-yang (problemas circulatórios e da próstata, insônia, ansiedade).

 

Rock rose

Rosa rupestre, Helianthemum nummularium

Arbusto que cresce em terrenos rochosos (rupestres), cujo nome científico vem de sol (do grego hélio, sol e anthemon, flor, aquilo que cresce) e sobrenome relativo a medalhas, moedas, cambista, banqueiro (do latim nummularium). Possui flores cor amarelo-brilhante como moedas de ouro. A característica mais chamativa dessa planta é a sua predileção pelas rochas, cujo simbolismo mais evidente é o da imobilidade, no seu aspecto yin. Na sua fase yang, são móveis como as Cianéias (Rochas Azuis) ou Simplégadas, que se entrechocavam formando uma passagem intransponível entre o Mediterrâneo e o mar Negro, esmagando os navios que ousassem navegar entre sua massa ameaçadora. Os Argonautas enviaram uma pomba, que, ao passar, fazendo o rochedo fechar, perdeu penas de sua cauda.

Ao abrirem-se as rochas, a embarcação passou rapidamente, danificando apenas a traseira, assim vencendo as Cianéias que ficaram para sempre imóveis. Rochas e recifes móveis entram na simbologia do aterrorizante, e assim como as Simplégadas, representam o medo do fracasso e da agressão, que, assim como na lenda, podem ser superados pela coragem e aceitação antecipada do risco de ali "deixar penas", tal como dizem os franceses, "laisser dês plumes", ao término de operações perigosas. Dos simbolismos yin e yang da rocha é que vem a sincronicidade com a utilização do floral Rock rose: para a "paralisia" devido a medos extremos e ao pânico. O medo faz parte do aspecto yin do movimento chinês Água, que tem a força e a coragem como sua contrapartida yang. Do mesmo modo, no Antigo Testamento, a rocha também é símbolo da força de Jeová e da solidez da sua Aliança. Há, ainda, um caso interessante dos dois célebres rochedos ligados por uma corda na baía de Ise, que são como um casal de o­nde surge a vida, pois é do meio das duas rochas que surge o sol nascente. Isso corresponde à cor da flor da Rosa rupestre, flor de ouro, que para os chineses representa o resultado de uma alquimia interior, o elixir da vida. Seus sabores doce e picante quentes possuem atuação nos distúrbios Águayin (tontura, imobilidade, inconsciência, medo); Metal-yin (febre, imobilidade dos membros superiores, prostração) e Fogo-yin (tontura, imobilidade, tristeza).

 

Rock water

Água da fonte, Água do riacho de Mount Vernon

Na visão cosmo-psicossomática dos Cinco Movimentos Chineses, tudo é interrelacionado. Do movimento Metal/Rocha, cuja característica é de introspecção, de rigidez, é que nasce o Movimento Água, de maleabilidade penetrante, aprofundamento, sobrevivência, mergulho no inconsciente: do metal derretido vem o líquido, ou, numa visão mais natural, da rocha nasce a fonte de água, a qual, usufruindo de sua adaptabilidade e fluidez, segue seu curso moldando-se flexivelmente ao terreno. A água da fonte que nasce da rocha/monte primaveril (Mount Vernon) é ideal aos que são rígidos consigo mesmos e fazem uma auto-exigência excessiva, querendo ser exemplos. O tipo Rock water tem que ser menos rígido (rocha) consigo mesmo, mergulhar dentro de seu inconsciente e descobrir o que realmente gostaria de fazer e, como a água, maleavelmente, com suas próprias características, lidar com qualquer terreno (água mole em pedra dura, tanto bate até que fura). O simbolismo básico da fonte é o da longevidade, pois, assim como as suas águas, sempre cambiantes, sempre frescas, representa não a imortalidade, mas a juventude sempre renovada, ensinando a quem dela bebe a sempre renovar-se e a não se ater a nenhum padrão rígido e imutável. Nas lendas, é nas fontes que nascem as ervas terapêuticas ou nelas são mergulhadas. A água de fonte tem sabor neutro, sendo denominada doce-frio, atuando nas questões Terra-yang (problemas de peso, tensão, rigidez) e Metal-yang (intestinos "presos", rigidez).

 

Scleranthus

Escleranto, Craveiro, Scleranthus annuus

Do grego sklerás (duro, seco, rígido) e ánthos (flor) e do latim annuu (anual, que dura um ano). Planta que atinge no máximo 70 cm, com caules emaranhados e preferência por solos arenosos e cascalhentos.

Todas as flores se originam de folhas profundamente modificadas. No caso da Escleranto, parecem ter ficado indecisas entre continuarem sendo folhas ou se transformarem em flores, pois são verdes e duras. Aí começa a sincronicidade com o floral Scleranthus que atua em quem está indeciso entre duas coisas, em ambivalências. O verde, cor pouco comum para uma flor, situado entre o amarelo e o azul, é o resultado de interferências cromáticas. Simbolicamente, entra com o vermelho num jogo de alternâncias. E a cor do valor médio, mediadora do calor e do frio, alto e baixo, eqüidistante entre o azul celeste e o vermelho infernal. O verde dos brotos primaveris se opõe ao verde dos mofos e da putrefação. Cor da vegetação e, por conseqüência, dos cultos a Deméter (Cibele), símbolo das alternâncias e dos ciclos. Como mediadora, a flor verde do Escleranto, cor do equilíbrio, ajudará a quem tomar de seu floral a se acalmar e a tomar decisões equilibradas. Não há informações sobre as propriedades terapêuticas dessa planta.

 

Star-of-Bethlehem

Leitedegalinha,

Ornithogalum umbeliatum

Planta que atinge até 30 cm, possui folhas delgadas e flores brancas com listras verdes. É da família das Liliáceas, a mesma do alho, da cebola e do lírio. Seu nome científico relaciona-se com "galo", "do grego árnis ave e do latim gallu" e "pára-sol", "do latim umbelia", provavelmente pelo fato dessa flor só desabrochar em épocas de sol brilhante (assim como o galo canta para o sol nascente) e pelo seu formato de guarda-sol. Quanto ao nome popular em línguas latinas, o "leite" se deve à sua seiva leitosa. Já em inglês, "Estrela-de-Belém", é devido às suas flores de seis pontas, tal como a "estrela" que precedeu o nascimento do Cristo. Aliás, este foi um fenômeno simbólico e não físico, concessão da Igreja nascente ao pensamento astrológico da época e se inclui entre os fenômenos cósmicos extraordinários que precedem ao nascimento de todos os chamados Filhos de Deus, inclusive Buda. Por exemplo, os nascimentos de Agni, filho de Maya, a mãe-virgem, e de Twâstri, o carpinteiro, depositado entre a Vaca mística e o jumento, era anunciado pela estrela SaVaNaORaHa. As seis pontas atribuídas à Estrela-de-Belém têm um paralelo no Selo de Salomão (Estrela de Davi ou Escudo de Davi, na forma de um hexágono estrelado) formado por dois triângulos sobrepostos representando os quatro elementos e suas combinações. Simbolizam a síntese dos opostos e a expressão da unidade cósmica, assim como a sua complexidade. A estrela, intimamente ligada ao céu, evoca os mistérios do sono e da noite. Para resplandecer com seu brilho pessoal, o homem deve situar-se nos grandes ritmos cósmicos e harmonizar-se com eles. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, as estrelas obedecem e anunciam as vontades de Deus. De um modo geral, estrelas cadentes são prenúncios de grandes catástrofes. O floral Star-of-Bethlehem atua naqueles que passaram por grandes choques, auxiliando-os a superar o acontecido, bem como suas seqüelas, anunciando o nascer da esperança, assim como a Estrela-de-Belém sinaliza o nascimento do Cristo e o galo anuncia o nascimento do Sol após o período de trevas.

De modo geral, o galo é um símbolo solar que afasta as influências maléficas, à exceção do Tibete, o­nde é totalmente nefasto e representa o apego e o desejo. Eram sacrificados em muitos ritos, inclusive em homenagem a Asclépio (Esculápio), um herói terapeuta; analogamente, atribuía-se essa mesma característica ao galo. Também é atributo de Apolo, o herói do dia que nasce. É um animal psicopompo (condutor de almas), em especial a fêmea, a galinha, morta para facilitar o contato com os espíritos. Contrapondo-se à simbologia solar do galo, está o leite da seiva dessa planta, que é lunar e feminino por

excelência, representante da abundância, da imortalidade, do conhecimento, da pureza e das palavras inteligíveis de Deus, trazendo um amparo maternal ao sofredor tipo Star-of-Bethlehem.

As flores da Leite-de-galinha, muito assemelhadas às do Lírio, também emprestam deste a simbologia de entrega à vontade de Deus, que cuida das necessidades dos eleitos. Completamente nas mãos da natureza, estão melhor vestidos do que Salomão em toda a sua glória. Seus sabores amargo e picante quentes com tropismo Metal-yin (constipação, tosse com catarro, tristeza, prostração) e Água-yin (dores de cabeça, inapetência sexual, urinas raras, desânimo) parecem reunir qualidades tanto do alho quanto da cebola.

 

Sweet chestnut

Castanheiro doce, Castanea sativa

Na China antiga, o Castanheiro correspondia ao outono e ao Oeste, sendo plantado sempre voltado para essa direção.

Simboliza a própria Previdência, pois seu fruto serve de alimento durante o inverno. Aliás, Aesculus pode significar "bom para sustento", ou ainda, "carvalho", ou, indo mais além, Esculápio (do latim AEsculapiu e do grego Asklepiôs, que recebeu a terapêutica do centauro Quíron). Sativa significa semeado, cultivado (do latim cativo). Originária da Ásia, essa árvore que cresce até 20 metros sempre foi muito utilizada na agricultura devido às suas castanhas que, na Idade Média, eram base da alimentação de vários povos europeus, em especial no inverno, que é quando seus frutos amadurecem, justamente na época do ano mais difícil de se sobreviver. Um dos símbolos da agricultura é a cornucópia, que representa a abundância, chifre da cabra Amaltéia ou de Aquelôo, repleto de frutos deliciosos. As flores do Castanheiro formam espigas branco-amareladas em formato de chifres voltados para cima. Os chifres são indicadores de força, de poder irradiante. Para Jung, é ao mesmo tempo masculino pelo seu poder de penetração, e feminino por possuir uma abertura, sendo preciso reunir esses dois princípios para se atingir a harmonia. A designação de Castanheiro doce evoca o simbolismo do mel, alimento da imortalidade, sendo incluído no Movimento Terra chinês, que significa o centro, o equilíbrio. O Castanheiro só floresce muito depois das outras árvores, como que esperando a situação atingir o seu limite máximo para só então desabrochar. Dá o seu fruto no auge dos momentos invernais, servindo de conforto e alimento nos momentos mais difíceis. Assim sendo, seu floral Sweet chestnut é indicado aos que estão sob angústia extrema, passando por situações limítrofes, estando no limite de suas resistências. Seu sabor doce-morno faz com que atue nos distúrbios Terra-yin (dificuldades digestivas, falta de energia, obnubilação intelectual); Metal-yin (problemas respiratórios, desencorajamento, tristeza) e Água-yin (problemas ósseos, inapetência sexual, prostração).

 

Vervain

Verbena, verbena officinalis

Da família das Verbenáceas, é uma planta silvestre que atinge até 80 cm. Possui folhas denteadas e pequeninas flores cor de malva. Seu sobrenome, officinalis (latim), refere-se ao seu caráter utilitário. Seu primeiro nome vem do latim verbena, que significa ramos de loureiro, de mirto, de oliveira e de outros usados para a confecção de coroas para sacrifício, tanto para os sacerdotes, quanto para as vítimas. Ramo sagrado dos feciais, sacerdotes romanos encarregados de examinar as causas bélicas e tratados. Também é o nome dado às festividades que duravam até o amanhecer, hora ideal para a colheita da planta, de o­nde vem a frase castelhana coger aí verbena, que significa madrugar muito. Ai já se iniciam as sincronicidades com a pessoa tipo Vervain. São fanáticos, capazes dos maiores sacrifícios e esforços em prol de seus ideais. Ainda sobre a palavra Verbena, há similitudes com verbo (palavra), verberar (do

latim verberare, que significa maltratar com palavras, censurar, de o­nde vem o verbo castelhano verbenear, de mesmo sentido) e verve (energia, força). Os indivíduos que se encaixam nesse floral são dotados de muita energia e força, fazendo uso insistente da palavra para expressar e defender suas idéias. São, geralmente, pessoas engajadas em causas públicas. Força é o que não falta a essa planta, sendo que um de seus nomes populares é ErvadeFerro, devido à incrível resistência de suas hastes. O seu caráter "insistente" aparece nas flores, que não se contentam em desabrochar em determinada época, sendo que a floração persiste por meses. O aspecto "político" da Verbena se deve não só ao fato de que era usada

nas coroas pelos sacerdotes que avaliavam a guerra e a paz, como, também, porque seus ramos eram usados até a Idade Média para assinarem-se os tratados, sendo considerada uma planta sagrada. Desse modo, o floral Vervain é adequado aos fanáticos e entusiastas que se desgastam defendendo seus ideais. Os significados dos vários nomes populares, em diversas línguas, bem como as analogias sonoras com outras palavras, embora nem sempre etimologicamente corretas, estão sincronisticamente bastante associadas às utilizações terapêuticas dessa planta. No Brasil, diversas plantas Verbenáceas são chamadas de Camaradinhas, lembrando certos estereótipos de simpatizantes esquerdistas, sempre engajados em alguma causa e tentando conquistar novos adeptos. Na verdade, esse nome deriva de Camará ou Cambará, do tupi caá (folha) + mbará (de várias cores). O fanatismo do Vervain se deve ao fato de ser

um tipo de pessoa dotada de muita energia, mas apegada rigidamente às doutrinas que segue, precisando aprender a não se apegar tanto à forma, mas sim à essência de seus ideais. Daqui pode-se fazer nova analogia com mais um dos nomes da planta: Jurujuba, do tupi juru + juba (macaco amarelo). Isto nos remete ao simbolismo do macaco, ágil, imitativo, que é a consciência do mundo terreno. Há a lenda do macaco taoísta, companheiro de Hiuantsang na busca dos livros sagrados do Budismo. Ao receber papéis em branco, reclama: "... depois de todo o trabalho que tivemos para vir da China até aqui, deram-nos cópias em branco das Escrituras. Em que isto poderá ser bom? Não precisa gritar disse o Buda sorrindo. Para dizer a verdade, os pergaminhos em branco é que são as verdadeiras Escrituras. Mas, como são demasiado tolos, nada há a fazer além de dar-lhes cópias com alguma coisa escrita...". Na França, a Verbena possui vários nomes: Erva-das-Feiticeiras, Ervas-dos-Encantamentos, Erva-de-Venus. Isto se deve às suas propriedades terapêuticas contra convulsões e favoráveis à mulher, aumentando a secreção de leite, mantenedora do tônus uterino nas parturientes e afrodisíaco, de Afrodite/Venus, deusa cujo reino é da ternura e da carícia, do prazer e da felicidade, com a qual muito tem a aprender as pessoas Vervain. Os sabores amargo-quente e ácido-frio da Verbena fazem com que atue tanto em questões Terra-yin (problemas de peso, dores lombares, de cabeça, inquietação, idéias fixas, obsessões), quanto Terra-yang (problemas digestivos, dor facial, dores de cabeça, contusões, problemas de pele, febres intermitentes, dor ciática _ tão comum em quem se nega prazeres, excitação psíquica, nervosismo).

 

Vine

Videira, vitis vinifera

Trepadeira de até 15 m com flores pequenas e verdes que nos dá a uva e o vinho, daí o vinifera (que produz vinho). Seu nome é ligado à idéia de vida (Vitis vinifera), sendo que o signo sumeriano para vida era uma folha de parreira. Nas regiões da antiga Israel, a Videira era árvore sagrada e o vinho, a bebida dos deuses. Isso se estendeu ao Antigo Testamento, o­nde aparece positivamente: "...um dos bens mais preciosos do homem... uma boa esposa é para o marido como uma videira fecunda... a sabedoria é como uma videira de belas parras...". Posteriormente, o Messias é comparado à Videira. Jesus afirmava que para os homens serem a Videira de Deus, teriam que permanecer nele, caso contrário seriam como galhos secos para o fogo. Em muitas culturas, a mesma palavra que significava Videira designava o enviado celeste e os seres dos mundos superiores. O Cristo é a Videira e o seu sangue, o vinho, bebida símbolo da juventude e do conhecimento, que devido à sua cor "...feita de vermelho e branco, é o casamento da terra com o ar da sabedoria e da paixão...". Os ensinamentos divinos são como o vinho, devido à sua aptidão de restituir o vigor. Noé, após o dilúvio, foi o primeiro a plantar a Videira. Aliás, dilúvio e embriaguez, conseqüência da ingestão demasiada do vinho, são símbolos da solutio (transformação do sólido em água, da matéria diferenciada para o seu estado original, dissolução dos aspectos fixos e estáticos da personalidade em uma nova forma regenerada), um dos principais procedimentos da alquimia. O mito de Dioniso (Baco) é um forte indicador de solutio, deus dos mistérios da vida e da morte, do renascimento. Seu sangue era o vinho, ora das alegrias profanas, ora da embriaguez mística, "... que transforma o que é terrestre e vegetativo em espírito livre de todos os laços...". Filho de Sêmele (Terra-Mãe) e de Zeus (deus do céu), Dioniso foi retirado do ventre de sua mãe fulminada e terminou a gestação na coxa de seu pai, vindo daí a sua força excepcional. Senhor da libertação, da supressão das proibições e das catarses, representa uma submersão do consciente no magma do inconsciente, levando ao paroxismo (maior intensidade de uma atividade) aquilo de que se quer livrar a alma, revelando a pessoa a si mesma. Numa das histórias ligadas ao seu mito, disfarçou-se de sacerdote de seu próprio culto e foi levado à presença de Penteu, o soberano ditador de Tebas, que tentava acabar com as bacanais das mulheres. Colocando uma máscara sobre a razão de Penteu, fez-lhe revelar o seu desejo de assistir às cerimônias. Dioniso disfarçou o rei como mulher, conduziu-o e, fazendo dobrar um pinheiro, fez com que subisse e voltou a levantar a árvore, quando só então Penteu percebeu estar diante do próprio deus. Tomado de pavor, viu a aproximação das mulheres, as quais derrubaram o pinheiro e fizeram o rei em pedaços. Sua cabeça foi arrancada por Agave, sua mãe, líder das demais mulheres. Após um silêncio total, os membros foram recompostos por Dioniso e o rei de Tebas teve, assim, a sua iniciação, sendo revelado a si mesmo. A partir desse episódio, Penteu tornou-se um soberano digno e um verdadeiro líder. Por essa típica operação de solutio é que deveriam passar as pessoas tipo Vine, que são dominadoras, ditadoras, inflexíveis e ambiciosas. O floral Vine funciona como o vinho da embriaguez divina ou o sangue de Cristo, que possibilita a transmutação do outrora ditador num líder sábio e compreensivo, capaz de direcionar a sua autoridade nata em beneficio dos demais.

Tais pessoas passam a exercitar as características harmoniza das da Videira, que é sinônimo de vida, de enviado celeste. Os sabores ácido e amargo frescos de seus taninos têm tropismo Madeira-yang (problemas ginecológicos e de circulação, irritação nos olhos, insônia, irritabilidade) e Fogo-yang (sangramentos, hipertensão, problemas circulatórios na face, agressividade, extravagância, altivez).

 

Walnut

Nogueira, Juglans regia

Árvore da família das Juglandáceas, atinge até 25 m e vive por até 900 anos. Possui flores esverdeadas. Seu nome latino "Juglans" significa noz e provém de jovis glans (jovis, joviale, relativo a Júpiter; glans, glande, fruto do carvalho e outras árvores, cabeça). Ou seja, cabeça de Júpiter, devido à semelhança da noz com o cérebro. Seu sobrenome, regia, reforça ainda mais seu aspecto jupiteriano, pois seu significado latino é realeza. Correspondente ao Zeus grego, Júpiter é o presidente do conselho dos deuses, de quem emana toda a autoridade. "Seguro de seu direito e de seu poder de decisão, não busca nem diálogo, nem persuasão: troveja..." Do mesmo modo, o floral Walnut estimula a quem o toma a não se deixar levar pelos outros, protegendo da influência alheia, auxiliando e estimulando em fases de mudança ou de decisão. O formato da noz lembra o córtex, o­nde, segundo autores não holísticos, é nesta porção anterior do cérebro que se processam as decisões. Devido a essa semelhança, de acordo com a Doutrina das Assinaturas de Paracelso, a noz deveria atuar nos distúrbios cerebrais. Tal afirmação é repetidamente desmentida pelos autores atuais de livros fitoterápicos, pretensiosamente científicos. A verdade é que eles estão desatualizados. Já se verificou ser a noz rica em 5 hidroxitriptamina (5HT), ou seja, serotonina, presente essencialmente no cérebro e que transmite impulsos entre células nervosas. A

Nogueira, nas tradições gregas, está associada ao dom da profecia, sendo ela a transformação de Ártemis (Diana), que possui a clarividência e que, apesar de essencialmente protetora dos partos e da vida feminina em geral, sabe ser terrível. De fato, as folhas da Nogueira aplicadas externamente são úteis às inflamações genitais femininas. Aliás, uma das versões da expulsão de Adão e Eva diz que eles usaram tais folhas "... para esconder suas vergonhas...". Eva teria carregado do Paraíso uma grande provisão delas, pois pressentia que lhes seriam úteis. Essa versão do mito, o­nde as folhas da Nogueira aparecem como auxiliares na ocasião da expulsão, confirma o caráter do floral Walnut como protetor e auxiliar nas fases de grandes mudanças. Há, ainda, uma lenda o­nde o famoso rei grego Mitridates imunizou-se contra venenos protegendo-se mediante o uso de nozes. A própria casca da noz é uma proteção, já que lembra um escudo ou um elmo e a carapaça das tartarugas. Animal de simbolismo bastante complexo, é lembrado aqui como um contraveneno, sendo citado por Plínio como "... um remédio salutar contra os envenenamentos, com poderes para afastar as manobras mágicas...". O floral Walnut, por proteger contra as influências externas, também é útil nos casos de paranormalidade, o­nde o individuo se sente sugestionado por energias que não sejam as suas. Os sabores ácido e amargo-quentes da Nogueira são eficientes nos distúrbios Terra-yin (falta de energia, insônia, obnubilação intelectual, indecisão); Metal-yin (problemas de pele e de respiração, intestinos "soltos" e com sangramento, tristeza, prostração) e Água-yin (dores de cabeça, diurese excessiva, problemas ósseos, deficiência imunitária, inibição, fraqueza de vontade, medo).

 

Water violet

Violeta D'Água, Hottonia palustris

Planta da família das Primuláceas (Primaveras) que se desenvolve em águas estagnadas, charcos e fossos, daí o seu sobrenome latino, que significa "que vive em pântanos". Quanto ao primeiro nome, de origem não identificada, é provavelmente uma homenagem ao seu descobridor. Suas flores de cor violeta e com centros amarelos crescem num talo sem folhas, pois estas permanecem sob a água. A cor violeta é símbolo da temperança, feita de uma proporção eqüitativa de azul e vermelho, "... da ação refletida e da lucidez, do equilíbrio entre o céu e a terra, os sentidos e o espírito, a paixão e a inteligência, o amor e a

sabedoria...". A cor violeta está oculta no arcano XIV do Tarô, A Temperança, o­nde um anjo segura dois vasos, um azul, outro vermelho, promovendo a troca de seus fluídos numa transfusão espiritual, quer seja a influenciação de homem para homem pela persuasão, quer seja a transmigração das almas no

mistério da reencarnação, ou no mínimo, do segredo e da transformação. Cristo é normalmente representado com uma túnica violeta durante a Paixão, quando ele assume plenamente a encarnação, ao esposar em si mesmo o Homem, filho da terra, o qual irá redimir, pelo sacrifício, o imperecível Espírito celeste. Pela mesma razão, os corais das igrejas vestem violeta às Sextas Feiras Santas. Antes do Renascimento, este era também o motivo pelo qual se escreviam livros, salmos, evangeliários e breviários em pergaminhos violetas com letras douradas: ".. a revelação, representada pelo ouro, e a Paixão de Nosso Senhor representada pela cor violeta...". E, pois, uma cor do luto e do semi-luto, da morte não como estado, mas como passagem. Assim como Cristo, Apolo,jovem, sábio e belo, símbolo da espiritualização progressiva pelo desenvolvimento da consciência, tem o seu manto violeta. Mas esta também é a cor da obediência e da submissão, representado pelo costume de se prender ao pescoço das crianças uma pedra violeta"... não só para protegêlas das enfermidades, como para torná-las dóceis e obedientes...". Daí ser essa a cor das roupas dos bispos, que têm que temperar o ardor de suas paixões. Já no Oriente, o violeta é a passagem do ativo para o passivo, uma sutilização do vermelho. Os coitos rituais tântricos eram realizados sob luz violácea, pois "...a luz violeta ativa as glândulas sexuais da mulher e a vermelha, as dos homens...". As características da Violeta D Água, que se desenvolve sobre as águas pantanosas, lembra muito a da flor de Lótus: "... como um lótus puro não é maculado pelas águas, eu não sou maculada pelo mundo...". Essa característica é típica da pessoa Water violet, que não muito raro pode se deixar levar pelo sentimento de superioridade, pelo orgulho, colocando-se num pedestal e se distanciando dos demais. Seu floral predispõe a quem com ele sintoniza a ser como a Lótus da literatura japonesa: "...tão pura no meio de águas sujas, uma imagem da moralidade, que pode permanecer pura e intacta no meio da sociedade e de suas vilanias, sem que seja preciso que se retire para o deserto...". Assim como o Cristo, o individuo Water Violet deve vestir a túnica violeta, assumir a sua condição de encarnado e participar das coisas do mundo, da Paixão, e partilhar suas qualidades com os outros. O sabor amargo-frio da Violeta D Água e de outras plantas da família das Primuláceas (Prímula, Pão-e-Queijo) possui tropismo Fogo-yang (coração acelerado, angústia, insônia, dores de cabeça, febres, vertigens, exaltação moral, orgulho).

 

White chestnut

Castanheirodaíndia branco, Aesculus hyppocastanum

Na China antiga, o Castanheiro correspondia ao outono e ao Oeste, sendo plantado sempre voltado para essa direção. Simboliza a Previdência, pois seu fruto serve de alimento durante o inverno. Aliás, Aesculus pode significar "bom para sustento", ou ainda, "carvalho", ou, indo mais além, Esculápio (do latim AEsculapiu e do grego Asklepiós, que recebeu a terapêutica do centauro Quíron). Hippocastanum seria castanha de cavalo. Acreditavase que essa planta tratasse qualquer distúrbio dos cavalos, símbolo inseparável do de cavaleiro, com o qual muitas vezes se alterna ou se funde, como nos centauros. O cavalo representa o psiquismo inconsciente, das sombras e da luz, transportando o homem aos mistérios inacessíveis à razão. Diferentemente do floral Chestnut bud, agora não é utilizado um botão a desabrochar. O White chestnut é extraído das maduras flores brancas e cremosas, salpicadas de pontos amarelos. Agora o Esculápio já e um deus e o cavalo deve ser entendido no seu lado luminoso, branco. Esta cor, ora a ausência das cores, ora a somatória delas, quando associada ao cavalo pode significar às vezes a brancura lunar, pálida, fria, fantasmagórica, anunciadora das catástrofes, como a do cavalo do Apocalipse. Outras vezes, o branco pode ser solar, ofuscante, representando aí a beleza vencedora, o domínio do espírito sobre os sentidos, montaria dos deuses, dos heróis, dos santos e dos avatares, tal como Pégaso. A princípio, a identificação com o cavalo faz do homem um monstro centauro, apegado aos instintos animais. Entretanto, se isto se dá com um cavalo branco e alado, representa a imaginação criadora e sua elevação real. Belerofonte, herói-relâmpago, guiado por Pégaso, triunfa sobre a Quimera, símbolo dos desejos que a frustração exaspera e transforma em fonte de padecimento. Segundo Paul Diel, a Quimera é uma deformação psíquica, caracterizada por uma imaginação fértil e pensamentos incontroláveis; "... exprime o perigo da exaltação imaginativa". Do mesmo modo, o tipo White chestnut está sempre atormentado por um diálogo interno torturante, o qual não consegue controlar e que atrapalha seus afazeres, seu descanso, e que leva a uma grande tensão mental. Na definição de Mechthild Scheffer, ele "...quer compreender tudo o que aparece, e, então, vêse incapaz de integrar coisa alguma...,'. Isso poderia ser chamado de complexo de Prometeu, cujo nome significa "o pensamento que prevê". Sua saga só se completa com a morte de Quíron, o centauro, ligado à simbologia do castanheiro não só pelo aspecto cavalo, como por ser o mentor de Esculápio. Ele abre mão da sua imortalidade em favor de Prometeu, para que possa morrer e fazer cessar os seus tormentos, o que corresponde à sublimação do desejo. Os pensamentos que ocupam insistentemente o individuo White chestnut o impedem de tomar contato com a orientação do Self, o seu "Eu Superior". Mais sincronicidades temos nos chamados cavalos dos cultos afros, que se vestem de branco, e, temporariamente, inibem os pensamentos do ego, permitindo a manifestação direta do inconsciente. O zazen é uma técnica de medi

tação que consiste num treino de desapego. Devese permitir que os pensamentos passem livremente sem que se prenda a atenção a nenhum deles. Essa "limpeza" possibilita o acesso a informações do inconsciente. Na China, essa técnica foi propagada por Matso, que significa "cavalo novo, potro". Os sa

bores amargofresco e picantefresco das castanhas e ácido-fresco e amargo-fresco das cascas possuem um tropismo para os distúrbios Terrayang (distúrbios de aprendizado, problemas com circulação nas pernas) e Madeira-yang (problemas de circulação e da próstata, ansiedade, dores de cabeça havia a

"simpatia" de carregar três castanhas por três dias para este fim).

 

Wild oat

Aveia silvestre, Bromus ramosus

Gramínea com semelhanças com a Avena, do latim, aveia ou flauta; sativa, do latim, cultivado; de nome Bromus do grego brámos, ou do latim bromos, aveia, flauta dos poetas; ou dos gregos, broma, o que se come e brómios, vinho, barulhento, sobrenome de Baco/Dioniso que se deve ou a sua ama Bromé, que significa "alimento", ou por causa do barulho dos bêbados ou dos raios durante seu nascimento; ramosus, do latim, "ramoso" e que, pelo inglês, Wild oat, significa "aveia brava".

Na verdade, tudo indica que se trata da Aveia do Mato (Avena quadridentadela; seu sobrenome se deve ao fato de que suas flores, dispostas em pequenas espigas, são envolvidas por quatro folhas que dão um aspecto cônico à inflorescência). Alcança até 1 m de altura com colmos retos que são os caules das gramíneas, geralmente não ramificados, sendo que esta Aveia é exceção, daí o seu "sobrenome". Os ramos sempre foram usados para homenagear o vencedor, sendo que essa vitória é interior. Na arte medieval, às vezes o ramo era atributo da lógica, às vezes da castidade, outras, do renascimento primaveril. Já o ramo de ouro, especificamente, é o símbolo da "...luz que permite que as sombrias cavernas dos infernos sejam exploradas sem perigo e sem que se perca nelas a alma, significando força, sabedoria e conhecimento...". Outra característica morfológica da Aveia é o ser cheia de nós, cujas significações variam bastante de uma cultura para outra. Por um lado, é constrangimento, complicação, enroscamento, por outro representa a ligação, a união com o Princípio, assim como os nós dos bambus chineses, que marcam uma hierarquia vertical de estados no eixo Céu-Terra, tais como os chacras tântricos. Em psicoterapia, o nó designa tudo o que possui as características de limitação e bloqueio. O indivíduo Wild oat tem dificuldade para decidir quais são suas metas, inclusive por ter muitas vocações e opções, sendo que esse estado de indefinição do rumo a tomar, do que fazer, leva a um estado de insatisfação. Ele precisa desfazer os nós que bloqueiam o acesso ao inconsciente, e, protegido pelos ramos, penetrar em seus infernos e descobrir o que o está impedindo de perceber a sua verdadeira vocação há muito já definida pelo seu próprio Eu Superior, o Self. Um outro significado para Avena e Bromus é flauta, instrumento da música celeste como qual se afina aquele que é conduzido por Deus. Também é com ela que o flautista de Hamelin conduz as crianças à caverna da montanha, que representa a volta ao estado edênico, o retorno ao útero para um novo nascimento. De certa forma, o tipo Wild oat, por suas características de indefinição, de dificuldade de ajuste e insatisfação, está passando por uma "...puberdade mental atrasada...". O floral, tal como já sugeria o ramo, e agora, a flauta de Hamelin, permite a entrada segura e conduz à caverna, símbolo de máxima complexidade, mas que poderia ser definida como "... lugar do processo de interiorização psicológica, segundo o qual o indivíduo se torna ele mesmo e consegue chegar à maturidade... assimilar todo o mundo coletivo que nele se imprime, com risco de perturbálo e integrar essas contribuições às suas próprias forças, de modo a formar sua própria personalidade, adaptada ao mundo ambiente...". Na caverna também eram iniciados os seguidores de Baco/Dioniso, cujo nome de sua ama Bromé também é o da Aveia. Foi através de uma caverna que Ceres/Deméter desceu aos infernos em busca de sua filha. Graças a Ceres é que a humanidade recebeu e aprendeu a cultivar os cereais, dentre os quais a Aveia. As espigas dos grãos de todos os cereais representam a chegada da maturidade. É o desabrochar de todas as potencialidades do ser. Muito usada como forragens para animais, mais modernamente a Aveia é considerada um alimento ("Bromus") básico na infância/ puberdade, para que a criança se desenvolva para a vida adulta. Seus sabores amargo e doce quentes a tornam ativa nos distúrbios Metal-yin (insônia por tristeza, fraqueza mental, perda de peso); Água-yin (desmineralização, inapetência sexual e esterilidade, inibição, confusão mental) e Terra-yin (falta de apetite, problemas de pâncreas, obnubilação intelectual).

 

Wild rose

Roseira silvestre ou Rosadecão, Rosa canina

Ancestral das roseiras cultivadas, esta planta cuja espécie tem mais de 35 milhões de anos, é um arbusto que atinge até 3m de altura com ramos fortes e espinhos bastante robustos, daí o seu nome, devido à semelhança destes com os dentes do cão. Possui flores brancas ou rosáceas, com cinco pétalas e formato de coração. A Rosa simboliza um renascimento místico por sua relação com o sangue derramado. Para o cristianismo, ora ela é a taça com que se recolhe o sangue do Messias, ora é a transfiguração desse sangue, podendo ser ainda o signo de suas chagas, ou até o seu Sagrado Coração. Nos campos de batalha em que caíram numerosos heróis, dentre eles Adonis, seu sangue fez brotar roseiras. Este último

era protegido de Afrodite que, ao socorrê-lo, picou-se num espinho tingindo de vermelho as rosas que antes eram brancas.

Assim sendo, sempre que uma vida não esgotou todas as suas possibilidades, sendo interrompida bruscamente, tenta prolongar-se sob uma outra forma, em geral, a Rosa. Normalmente colocada sobre as tumbas, é símbolo da regeneração, de vida nova, inclusive pelo seu parentesco semântico com o latim ros, que significa "chuva, orvalho", imagens da redenção. O individuo tipo Wild rose, muitas vezes em tenra idade, viu-se ferido e impossibilitado de reagir Foi levado a conformar-se com as situações, tornando-se fatalista, resignado e apático. Seu floral evoca a sincronicidade com a simbologia de renascimento da Rosa, da continuidade de vida do herói morto, do amor crístico, de redenção. Não

podemos nos esquecer das características selvagens da Rosa-de-cão, que possui frutos avermelhados, cor de sangue, de vida, e, em especial, de seus espinhos, símbolos de defesa, de ataque, de reação, que são como dentes caninos que representam não só a agressividade, como também força, resistência e perseverança. É símbolo da assimilação, da tomada de posse, já que é o moinho que esmaga para fornecer alimento ao desejo, que pode ser tanto a satisfação das ambições terrenas, quanto a obtenção dos alimentos celestes. Em ambos os casos, conduz à vida, que é o que parece faltar ao tipo apático Wild rose. Não é à toa que a Rosa é uma das flores preferidas dos alquimistas, cujos trabalhos comumente se intitulam Roseiras dos Filósofos. A rosa branca, por exemplo, é o objetivo da pequena obra (a obra em branco, em busca do luminoso) e, quando vermelha, é referente à grande obra (fusão das obras em branco e em negro, do metal em brasa, cor de sangue, de carne, encarnado, vivo). Seus sabores, de relativa toxidade, doce-quente das folhas e flores, e ácido-quente dos frutos, faz com que atue nas questões Água-yin (urinas raras, constipação, falta de energia, problemas ósseis, vertigens, prostração, apatia), Fogo-yin (inflamações, corrimentos, tristeza, desânimo) e Madeira-yin (problemas imunitários e de respiração, resignação).

 

Willow

Salgueiro amarelo, tipo de Chorão,Salix vitelina

Seu nome latino Salix significa "salgueiro", deriva de "sal" e vitelina quer dizer "da cor da gema do ovo", em referência à tonalidade amarelada dessa árvore. É aparentada do Chorão (Salix babylonica), cujos ramos muito compridos e pêndulos quase chegando ao chão, comumente à beira de lagos, passam a imagem de alguém triste, caído, chorando, daí a maior sincronicidade com o floral WilIow, indicado para as tristezas e amarguras, para aqueles ressentidos, que culpam a tudo e a todos, menos a si próprios. Muitas vezes relacionado com a morte, por outro lado, o Salgueiro é símbolo da Lei Divina: os galhos cortados e plantados sobrevivem, permanecendo a árvore indivisa. Essa planta mesmo que quase totalmente podada, faz brotar de suas feridas novos e vivazes ramos. Quando há cicatrizes em seus troncos, estas se aprofundam cada vez mais, e de suas aberturas brotam outras plantas e nelas pássaros fazem seus ninhos. Por ser eternamente verde, São Bernardo a relacionava com a Virgem Maria. No Oriente, a Cidade dos Salgueiros é a morada da imortalidade. A sepultura dos personagens míticos costumava ser sob a sombra de Salgueiros, sob os quais também meditavam os sábios. Essa árvore, então, era símbolo de passagem para a imortalidade. Na Rússia, entretanto, diz-se que"... aquele que planta um salgueiro prepara a enxada para o seu túmulo...", não ficando claro se isto era num sentido positivo. Há um Salmo o­nde, às margens do rio da Babilônia, as personagens sentaram e choraram sob um Salgueiro, pendurando nele suas citaras, para não terem como alegrar àqueles que os mantinham cativos: "... como poderíamos nós cantar as canções do Eterno em terra estranha?..." Desse modo, somente o Salgueiro é que foi digno de conservar a música, o símbolo da alegria humana. De suas madeiras são comumente feitos instrumentos musicais em certas regiões. E é justamente essa alegria de viver, de regenerar-se por mais podado e ferido que se esteja que o floral WilIow pretende resgatar em quem o toma. De sabores amargo-fresco e salgad-omomo (tanino e salicina), seu tropismo é de ação Madeira-yang (dores musculares, problemas digestivos, angústia, excitação); Água-yin (dor de dentes, problemas ósseos, prostração); Fogo-yang (febres, choques emocionais); Metal-yin (intestinos "soltos", tristeza).

 

Rescue Remedy

Fórmula já pronta, criada pelo próprio Bach, usada em situações emergenciais para uma melhora no quadro geral. É muito utilizada quando não se sabe o que recomendar, ou, ainda, na impossibilidade de fazerse uma avaliação do estado emocional da pessoa, quer seja pela urgência da situação, quer seja pela falta de dados. É composta por Cherry plum, para os que temem perder o autocontrole; Clematis, para os que estão ausentes do presente; Impatiens, para a ansiedade, agitação, impaciência; Rock rose, ideal para estados de pânico e Star-of-Bethlehem, para choques e suas seqüelas. Edward Bach julgou tão bem combinadas essas essências entre si, que passou a considerá-las quase que como um 39º floral. Tanto é que no kit de florais de Bach, além dos 38 florais individuais, há 2 vidros de Rescue Remedy preparados na forma de essências que podem ser diluídas em água e ser consideradas uma fórmula, ou, ainda, contadas como se fossem uma única essência e serem mistura das com até cinco outras mais.

A idéia de um remédio de espectro de atuação tão amplo que servisse para todas as situações faznos lembrar da panacéia universal, do grego panákeia, "remédio para todos os males"; ou o elixir da imortalidade, símbolo de um estado de consciência transformado, ligado ao conhecimento da perenidade. Em seu aspecto negativo, há o elixir do esquecimento, usado em muitas lendas para levar os heróis a não mais se lembrarem de suas amadas e lhes aplacar a emoção. Do mesmo modo, vejo o Rescue Remedy como um grande auxiliar doméstico para abranger o sofrimento, mas não tão eficaz para um uso profissional, uma vez que, apesar do bem-estar que essa fórmula pronta proporciona, o ideal é avaliar caso a caso e elaborar uma fórmula específica para cada momento e para cada indivíduo, além do acompanhamento terapêutico em si.

 

Creme de Bach

Fórmula pronta para uso, contendo Rescue Remedy e Crab apple (depurativo psicofísico) diluídos em creme de composição a mais natural e neutra possível. Mais uma "panacéia", ou seja, possui um amplo espectro de atuação. É aplicada externamente nos locais afetados, tanto em situações agudas, picadas, contusões, queimaduras, dores, etc.), quanto crônicas (problemas de pele e de circulação, etc.). À semelhança do Rescue Remedy, o Creme de Bach é muito eficaz, mas não deixa de ser uma fórmula preconcebida e generalizada. Sob o aspecto terapêutico profundo, o ideal é uma composição totalmente individualizada, adaptada a cada caso, da qual se usam duas gotas de suas essências, ou, se estiver preparada para uso oral, ou seja, adicionada à água e conhaque, tomam-se quatro de suas gotas que são misturadas ao creme ou óleo, além de um uso eficiente diretamente na água para banho ou em compressas. Tudo isso como um complemento à ingestão da fórmula via oral, a qual não é substituída pelo simples uso externo do floral.

Depois de muitos testes e experiências bem-sucedidas, fiquei plenamente convencido da eficácia da terapêutica floral e, na década de 80, introduzia na minha prática de consultório. Naquela época, não havia no Brasil muita literatura específica disponível e a maioria das pessoas nem sequer ouvira falar sobre florais. Assim como eu, outros profissionais, isoladamente, foram direta ou indiretamente divulgando o assunto, não só pelos bons resultados obtidos junto aos clientes, como pelos cursos ministrados. Isso não passou despercebido dos meios de comunicação que, graças às suas reportagens, popularizaram de tal maneira o assunto que hoje em dia podese dizer que a terapia floral é a técnica holística mais adotada no nosso país. Para suprir o anseio de conhecimento que se criou, muitos trabalhos foram traduzidos e publicados, e vários autores nacionais contribuíram significativamente com suas obras.

A abordagem aqui apresentada propõe-se a preencher uma lacuna deixada pelas outras publicações, as quais, perante a dificuldade de explicar "cientificamente" a atuação das essências florais, optaram por se abster de teorizar sobre o porque determinada flor atua para determinada emoção especificamente. Por exemplo: por que a essência floral Mimulus atua nas fobias e não em outro tipo de emoção? Por que o Holly intervém em casos de raiva, em vez de tristeza? Munidos basicamente de explicações generalizadas, e não relativas a cada floral em particular, o público leitor tinha que se contentar com uma resposta do tipo: "porque foi assim que Bach intuiu", quase um "porque sim!". Sabendo de antemão que os métodos de pesquisa científica ortodoxos em pouco elucidariam essas questões, procurei e encontrei as respostas na Sincronicidade (teoria junguiana da possibilidade de relação significativa, mas não causal, entre eventos). Fazendo um levantamento sobre os deuses e lendas ligados a cada uma das plantas de o­nde se extraem as essências florais de Bach, descobri as "grandes coincidências" entre essas histórias e o momento emocional no qual o floral está apto a atuar. Fora isso, as características de comportamento de cada planta (o modo como cresce, seus terrenos preferidos, suas cores, etc.) correspondem exatamente ao tipo de pessoa à qual a sua essência floral poderá ajudar. E, por mais estranho que pareça a quem não está familiarizado com a idéia da sincronicidade, até mesmo a etimologia dos nomes das plantas já nos esclarecem para que elas servem. Somando-se a isso, pesquisei o uso fitoterápico tradicional desses vegetais, em especial sob o enfoque milenar chinês dos Cinco Movimentos e constatei que, além de seu uso para o equilíbrio de determinados sintomas físicos, tais plantas já eram usadas, sob a forma de chás, para as mesmas emoções para as quais Bach intuiu suas essências. Tais informações tornam esta obra útil tanto àqueles que estão se iniciando no estudo da terapêutica floral como, também, aos mais experientes, inclusive aos pesquisadores de novas essências florais, os quais têm agora mais um fio de meada a ser pesquisado, ou seja, a teoria da sincronicidade de C. G. Jung.

Os antigos Terapeutas Holísticos, assim como Bach, não cultivavam suas plantas terapêuticas, pois sabiam que se o vegetal escolhia espontaneamente seu local de nascimento é porque aquele solo era o ideal para proporcionarlhe um máximo de vitalidade e, por conseqüência, de efeitos. As tradições possuem milhares de anos de bons serviços prestados à humanidade e devem ser levadas a sério.

As lendas e histórias sobre cada planta encerram uma sabedoria muito mais profunda do que suas análises químicas atuais, e têm muitas informações sobre suas utilidades terapêuticas. Os antigos observavam as características de personalidade de cada erva e já sabiam, por analogia, a que tipo de pessoa ela auxiliaria por ressonância, independentemente de seus sintomas físicos. Isso vem sendo resgatado nos dias atuais na Terapia Floral. Já os antigos chineses, além dessas analogias, faziam a análise do sabor de cada planta, classificandoa dentro dos Cinco Movimentos (importante: para compreender a seqüência a seguir, ler apêndice no final do livro) e, por conseqüência, sabiam de antemão para que serviriam. Comparados entre si, os cinco sabores são: amargo evacuante, purgativo e endurecedor; doce ou insípido diurético, sudorífero, dissipante, relaxante; picante,sudorífero, dissipante, dispersante; salgado evacuante, purgativo, suavizante e ácido-azedo evacuante, purgativo e retrátil. A essas propriedades iniciais, podemos acrescentar quatro tipos de energia: fria, quente, fresca e morna. Além disso, há quatro densidades diferentes de energia que darão o sentido da ação terapêutica: ascendentes (yang-alto), expansivas (yang-exterior), obtidas pelas ervas yang, descendentes (yin-baixo) e introspectivas (yin -interior), obtidas pelas ervas yin.

Em cada meridiano existe uma raiz yin e outra yang. A função yang da Madeira caracteriza-se pelo movimento, o que é estimulado pelo sabor ácido. Entretanto, a absorção excessiva do ácido, que por vocação é yin e retrátil, levaria ao efeito contrário, de paralisia, estimulando a raiz yin da Madeira. A função yang do Metal é retrair, secar, condensar; já sua função yin é dissipar e umedecer. O picante, por sua vocação yin, se absorvido em excesso, estimulará a função yin do Metal. A função yang do Fogo caracterizase pela ascensão e crescimento, enquanto que seu lado yin é endurecedor. O amargo, por sua tendência yang, favorecerá a função de ascensão. A função yin da Terra é estruturar, modelar, controlar instintos e emoções, umedecer, enquanto a yang pode levar à rigidez.

Por sua tendência yin, o doce favorecerá a raiz yin da Terra (observação: o doce industrializado é quente, portanto, yang, com efeito contrário ao doce natural). A função yin da Água é amolecer, abrandar, enquanto que seu lado yang é o de endurecer. A tendência do salgado é favorecer a raiz yin da Água. Simplificando, as plantas seriam classificadas pelo sabor + energia quente ou fria (yang ou yin), o que possibilita incontáveis combinações de efeitos terapêuticos, graças, ainda, às leis de Geração e de Dominância.

Conclusões

A partir do momento em que se aceitar abertamente que existem outras formas de abordagem lógica, além das experiências convencionais de laboratório, muitos preconceitos irão por terra e diversas práticas ditas "alternativas" passarão a ser "oficiais". A teoria da Sincronicidade de C.G. Jung vem se mostrando um excelente instrumento em relação às pesquisas das essências florais, fornecendo uma linha de raciocínio que serve não só para as já consagradas essências florais de Bach, como para todas as outras e, até mesmo, para a fitoterapia. Desse modo, não precisaremos contar apenas com pessoas raras como Edward Bach, pois essa forma de abordagem não requer dotes paranormais. Basta, é claro, estudo e dedicação.

 

 

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