A IMPORTÂNCIA DA VISÃO HOLÍSTICA NA PRÁTICA DA TERAPIA FLORAL DE BACH

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30/05/2007 14:16

A IMPORTÂNCIA DA VISÃO HOLÍSTICA NA PRÁTICA DA TERAPIA FLORAL DE BACH


Trabalho apresentado ao SINTE – Sindicato dos Terapeutas como requisito para a obtenção do certificado de terapeuta floral de Bach, no curso livre da Comunidade de Estudos Avançados em Terapia Holística. Orientado por Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico – CRT 21001.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo refletir sobre a importância da visão holística na prática da Terapia Floral de Bach, por meio de um levantamento bibliográfico. Pode-se concluir que é imprescindível ao terapeuta floral de Bach considerar o seu cliente como um indivíduo com todas as suas facetas em seu meio de relação.


1 INTRODUÇÃO


É com o coração que se vê corretamente, o essencial é invisível aos olhos.
Antonie de Saint Exupéry


Durante o curso de Terapia Floral de Bach estuda-se a visão holística, de forma direta por meio de leitura de textos, e de forma indireta na maior parte das discussões onde se pressupõe o uso dos Florais de Bach como recurso terapêutico.

Cabe ao estudante integrar todo esse conhecimento e aplica-lo no momento de exercer sua profissão, descobrindo, de forma crítica, o real sentido de suas ações, adotando uma postura reflexiva e, ao mesmo tempo participante ampliando as possibilidades como agentes de renovação e transformação do meio e desenvolvendo uma visão clara de sua contribuição na totalidade do fenômeno humano.

Portanto, o presente trabalho é uma proposta de realizar uma reflexão que favoreça essa articulação. Abordando sinteticamente a história do início das práticas de saúde, a visão biomédica e o corpo como objeto de estudo, na tentativa de compreender o perigo de tal dicotomia, e procura enfocar a visão holística e refletir sobre a importância da aplicabilidade dos conceitos de saúde integral na Terapia Holística e na Terapia Floral de Bach.


2 METODOLOGIA

A metodologia aplicada foi o levantamento bibliográfico, relativo ao assunto, embasado nos pressupostos de diversas áreas de conhecimento, coletando de cada área materiais imprescindíveis para uma reflexão mais ampla, este trabalho buscou atingir uma maior compreensão, que sirva de apoio e orientação para a práxis cotidiana de terapeutas florais de Bach. Assim, o método, nesse trabalho de reflexão, deixa de ser instrumento e se identifica com o movimento da própria consciência.


3 O INÍCIO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE

Para iniciar a presente reflexão é importante refletir sobre a evolução histórica das práticas de saúde.
Desde os primórdios, a idéia de saúde e doença no Oriente, conforme Leite (1996, p. 19) ''insere-se no princípio da harmonia do homem (microcosmo) consigo mesmo e com a natureza (macrocosmo). A saúde deriva desse equilíbrio, cuja ausência causa a doença e pode resultar a morte.'' A terapêutica chinesa, por exemplo, surgiu há pelo menos cinco mil anos e ainda hoje se mantém inalterada, como no caso da Acupuntura, mesmo convivendo com a medicina ocidental.
As práticas de saúde medieval de acordo com Sant'Anna (1996, p. 244) privilegiavam a saúde do corpo em equilíbrio com o universo e desconfiavam dos cirurgiões por infringirem esse equilíbrio, tanto que a palavra cirurgia veio do grego cheirourgia onde o prefixo cheir significa mão, ou seja, uma intervenção feita com as próprias mãos.
Com o Renascimento a racionalidade tomou por paradigma o universo matemático e mecânico. A partir do século XVII, o homem começou, como explica Gonçalves (1997, p.20), ''a considerar a razão como único instrumento válido de conhecimento, distanciando-se de seu corpo (...) Fragmentado em inúmeras ciências, o corpo passou a ser um objeto submetido ao controle e à manipulação científica.''
Segundo Silva e Marques (1992, p. 11) "Na década de trinta, no país de Gales, o médico Dr. Edward Bach constituiu as bases de uma medicina1 maravilhosa, baseada na cura2 através de essências de flores."

 

4 VISÃO BIOMÉDICA

Embora seja a mente que busca, com muita freqüência é a mão que encontra.
Jung

A visão biomédica está fundamentada em princípios filosóficos que negam a possibilidade de um conhecimento metafísico, implantando o realismo científico. Como exemplo Germain (1992, p.157) afirma que ‘‘a mão é uma ‘ferramenta’ muito aperfeiçoada.’’ O termo ferramenta reflete uma visão mecanicista, onde o corpo é analisado como uma máquina. Almeida (1999) observa que ''... ao estudar o corpo do homem, o cartesianismo produz um mecanismo de esquecimento que nos impede de nos misturarmos e nos confundirmos com o corpo, cria a imagem de que o corpo é uma máquina.''
Os profissionais educados conforme o paradigma cartesiano-newtoniano tendem a analisar as doenças sob uma óptica essencialmente mecanicista e geralmente não consideram aspectos ambientais, emocionais e energéticos, os conflitos e as dificuldades existenciais e de adequação social do indivíduo, em seus diagnósticos, ''preconizando conseqüentemente uma terapêutica voltada apenas para aspectos parciais da patologia em questão.'' Di Biasi (1995, p. 67).
Corroborando com esse pensamento Medina (1991, p. 23) ressalta que o ''mau funcionamento é visto exclusivamente como uma avaria em um mecanismo específico que tem que ser reparado por meios físicos ou químicos.''
Conforme argumenta Gonçalves (1997, pp. 137-138) o conceito behaviorista causa uma cisão entre o sentimento e a razão e ressalta que ''Anulando-se o sentimento, anula-se o corpo, que se torna (...) um objeto mecânico que pode ser manipulado.'' Esse conceito influencia tanto a educação quanto à medicina.
Winnicott (1999, p.21) refere que ''Através do estudo da doença chega-se ao conhecimento de muitas coisas importantes a respeito da saúde. Mas a noção médica de que a saúde é relativa ausência de doenças não é suficientemente boa.'' O que remete a Porto (2000, p. 54) quando afirma que '' Estar vivo é para mim muito mais que ser uma 'máquina' que funciona em 'perfeito' estado.'' E a Rezende (1996, p. 86) quando postula que:
O estado de sanidade se dá na medida em que interagem satisfatoriamente o homem e o meio. Esse intercâmbio, na maioria das vezes, é conflituoso, e é no enfrentamento da adversidade e na resolução dos conflitos que se estrutura o ser humano ativo e a idéia dinâmica de saúde.
A especialização, que advém da visão biomédica no mundo moderno, com a expansão do conhecimento trouxe sua contribuição, porém, conforme enfatiza Medina (1991, p. 17) ''sabe-se mais sobre o particular sem, contudo, avançar no sentido de um melhor entendimento de totalidade dos fenômenos humanos e universais.'' Em outras palavras, sabe-se cada vez mais de cada vez menos. Deste modo a especialização ao mesmo tempo em que é esclarecedora de certas particularidades, torna-se perigosa, na medida em que pode levar à perda da visão do todo, reduzindo o corpo a objeto de inúmeras ciências, pois toda especialização distante de uma visão ampla do ser humano em seu mundo leva à fragmentação, que constitui aos olhos de Medina (1996, p. 41) ''desrespeito à totalidade e à dignidade do ser humano.'' E acrescenta que é preciso desenvolver uma 'cosmo visão que divida menos e una mais.'' O que remete a Vieira Filho (1994, p. 19) quando afirma que "A excessiva especialização divide o cliente em ‘peças’ isoladas umas das outras. Ignorando que toda pessoa é um indivíduo, ou seja, um Não-Divisível (in = não; divíduo = divisível)..."

5 O CORPO COMO OBJETO DE ESTUDO

Na vida diária, a nossa mão que vive não é a mão de ossos, músculos, nervos, e ligamentos. É um outro tipo de mão que participa do mundo, se comunica, trabalha, reza e ama.
Kielhofner (1987)

A visão reducionista reduz o ser humano a objeto. O fenômeno de tornar sujeito em objeto de estudo advém do raciocínio lógico, formal e particularizado que conforme postula Medina (1991, p. 17) parece ''mais bloquear do que abrir perspectivas para a compreensão do universo e da existência humana.''
Além disso, o corpo é fragmentado em partes. Isso fica claro, por exemplo, quando autores conceituam a mão como instrumento, como no caso de Aristóteles que se referia à mão como ''o instrumento dos instrumentos'' é possível notar que a mão é colocada no lugar de objeto. Contrariando esta visão Merleau-Ponty (1994, p. 137) faz a seguinte reflexão ''quando toco minha mão direita com a mão esquerda, o objeto mão direita tem esta singular propriedade de sentir, ele também.'' Em seguida nos dá outro exemplo procurando esclarecer a impossibilidade de se ver as mãos como objetos:
Quando pressiono minhas mãos uma contra a outra, não se trata então de duas sensações que eu sentiria em conjunto, como se percebem dois objetos justapostos, mas de uma organização ambígua em que as duas mãos podem alterar-se na função de 'tocante' e de 'tocada'.(...) O corpo surpreende-se a si mesmo (...), ele tenta tocar-se tocando, ele esboça 'um tipo de reflexão', e bastaria isso para distingui-lo dos objetos...
E mais adiante diz ''... o sujeito posto diante de sua tesoura, sua agulha e suas tarefas familiares não precisa procurar por suas mãos ou seus dedos porque eles não são objetos (...), mas potências já mobilizadas pela percepção da tesoura ou da agulha...''
Napier (1983, p. 26) ao descrever a mão esclarece que '' o conceito de posição anatômica deriva da postura em que os cadáveres humanos eram suspensos (...) para dissecação.'' O que remete a Kielhofner (1987) quando diz que ''...aprendemos a respeito do corpo morto, e não do corpo vivo. O corpo dissecado revela os tecidos e órgãos dos quais ele é composto, mas ao mesmo tempo esconde aquilo que, enquanto corpo vivo sabia fazer.'' Backhouse & Hutchings (1989, p. 8) referem que ‘‘o aprendizado da estrutura anatômica pouco vale sem a visão essencial do que ela é e de como funciona no indivíduo vivo normal.’’ Kielhofner (1987) complementa dizendo que os estudos são importantes "Entretanto, todo o conhecimento que nós ganhamos sobre o corpo como um objeto tem nos distraído de compreender o corpo como um sujeito."
Conforme esclarece Gonçalves (1997, pp. 91-92) existem dois tipos básicos de atitudes perante o outro e que cada uma dá origem a um tipo de relação conforme se segue:
A relação Eu-Objeto reflete a atitude do homem diante do outro, em que este é visto não como uma realidade independente do Eu, mas como objeto, mercê do próprio Eu, de suas fantasias e de seus sentimentos e objetivos particulares. Na relação Eu-Tu, há um verdadeiro encontro, em que o Outro é visto em sua identidade própria, como também um Eu que possui suas próprias aspirações, seus próprios objetivos, sentimentos e uma história pessoal que constitui sua maneira peculiar de ser-no-mundo. A relação Eu-Objeto empobrece o homem enquanto a relação Eu-Tu, em que se dá o encontro de duas identidades diferentes, abre o homem para a compreensão do Outro como uma entidade que existe por si mesma...
Boff (1999, p. 95) faz uma reflexão interessante a quem se dispõe a cuidar, como é o caso do terapeuta holístico, postulando que ''A relação não é sujeito-objeto, mas sujeito-sujeito. (...) A relação não é de domínio sobre, mas de con-vivência. Não é pura intervenção, mas inter-relação (...) Cuidar é entrar em sintonia com...'' De fato cuidar é entrar em sintonia com o cliente, é superar a cisão sujeito e objeto, em outras palavras, para uma relação terapêutica é preciso empatia.

6 VISÃO HOLÍSTICA

A natureza é o corpo inorgânico do homem
Marx

A visão holística enfoca sempre o homem do ponto de vista do microcosmo e do macrocosmo, isto é, vislumbra desde a menor partícula que forma o homem até esse homem inserido em seu meio. Para Capra (1982, p. 328) '' O primeiro e mais importante passo em direção a uma abordagem holística da terapia será considerar o paciente3, o mais complemente possível, da extensão de seu desequilíbrio.'' Capra esclarece que ''isso significa que seus problemas terão de ser situados no amplo contexto de onde promanam, o que envolverá um cuidadoso exame dos múltiplos aspectos da enfermidade pelo terapeuta e paciente.'' E conclui que ''só o reconhecimento desse contexto - da teia de padrões inter-relacionados que levam ao distúrbio - já é altamente terapêutico, porquanto diminui a ansiedade e proporciona esperança e autoconfiança...’’
Do ponto de vista do microcosmo cada parte representa o todo, como postula Di Biase (1995, p. 45) ''Cada célula de nosso corpo possui em seu núcleo toda a informação genética sobre todo o corpo.'' E Brikman (1989, p. 13) reforça dizendo que '' Cada partícula do corpo, cada célula repete a função criadora total do ser humano.''
Do ponto de vista do macrocosmo o todo interage com as partes, assim Bruno (1993, p. 12) postula que ''o desenvolvimento humano, é um processo sistêmico complexo, que não apenas passa pela dimensão biofisiológica e cognitiva, mas, depende também da relação social e afetiva.'' E conclui que ''o homem se constrói de uma maneira holística, buscando desenvolver suas possibilidades através de todas as experiências significativas - sociais, afetivas ou cognitivas - como um todo indivisível.''
E conforme argumenta Capra (1982, p. 325) ''a assistência à saúde constituirá em restaurar e manter o equilíbrio dinâmico de indivíduos, famílias e outros grupos sociais. Significará pessoas cuidando da própria saúde (...) com a ajuda de terapeutas.'' E explica que '' essa espécie de assistência à saúde não pode ser simplesmente 'fornecida', ela tem que ser praticada.’’

7 TERAPIA HOLÍSTICA

O homem concretamente considerado não é um psiquismo unido a um organismo, mas este vaivém da existência. . .
Merleau-Ponty (1994, p. 130)

Dentro da perspectiva da Terapia Holística a vida dos clientes tem um sentido subjetivo enraizado na história individual de cada um, ao mesmo tempo em que possui um sentido intersubjetivo, que se configurou ao longo do processo histórico-social. O trabalho do terapeuta holístico está voltado para o homem tanto em sua dimensão pessoal como social.
A Terapia Holística, partindo de sua premissa básica, numa efetiva interação terapeuta-cliente, envolve o indivíduo como um todo, não podendo dessa forma, ignorar a questão da liberdade. A sua prática terapêutica pode ser meio de levar o cliente a conquistar a liberdade, facilitando a ele ampliar seu campo de experiências, pois novas experiências levam a novas significações, e integrar suas condutas a um nível de maior integração.
Desta forma as particularidades corporais irreversíveis, como, por exemplo, as deficiências, podem ser integradas a sua maneira de ser, e, em vez de se constituir em causa de escravidão, pode ser ocasião de uma maior liberdade. Gonçalves (1997, p. 88) lembra que '' Liberdade significa a possibilidade de integrar os limites de ordem física e os limites de ordem vital à totalidade dialética consciência-corpo, transformando esses limites (...) num projeto existencial que vincula o homem a seu mundo.''
Portanto o terapeuta holístico se encontra engajado numa práxis que visa a construção histórica de um mundo mais humano, identifica-se com um projeto mais amplo de transformação da sociedade, por intermédio de sua prática, empenhando-se em favorecer aos clientes de Terapia Holística maior autonomia e independência para auto-realização e para ser sujeito de sua história.

8 EDWARD BACH E A LEITURA CORPORAL

O terapeuta floral de Bach é, a priori, um terapeuta holístico, esse fato por si só já demonstra que é indispensável ao terapeuta floral de Bach desenvolver uma visão holística. Portanto não basta conhecer cada essência floral e sua aplicabilidade. Para exercer seu papel é preciso ter a visão do todo. Além disso, é preciso segundo Escardó in Pastorino (1992)...uma mente aberta e um espírito não menos aberto e, sobretudo, dotado de coragem para enfrentar a cultura dominante, aquela urdida pelas escolas e academias que ignoram ou fingem ignorar que estão a serviço da poderosa indústria farmacêutica...
Assim, o terapeuta floral de Bach, além de recomendar essências florais, pode lançar mão de outras técnicas sinérgicas. Por exemplo, numa abordagem de conscientização corporal, procura levar o cliente a vivenciar autênticas experiências corporais, em que o sujeito envolva seus movimentos com sua subjetividade, para que eles se tornem seus e brotem de sua interioridade contribuindo para a desalienação.
O terapeuta floral de Bach lida com o ser total, realidade que ele não pode ignorar. Portanto além de estudar os sobre os florais é preciso compreender que a atividade humana não é nunca uma atividade mecanizada, estabelecida por um corpo que percorre um espaço fixo, objetivo, mas relações dialéticas que brotam de dentro, da união com a subjetividade que a anima.
Portanto, a sessão de Terapia Floral de Bach realizada concomitantemente com diferentes técnicas e quando aplicada em grupo, em interação com outros clientes, considerando que o homem é um ser de relação por excelência, é uma oportunidade de realização de atividades expressivas, repletas de sentido, associadas ao afeto, lembranças e perspectivas. Para isso é importante que o terapeuta floral de Bach desmistifique para os clientes as relações de dominação entre terapeuta e cliente. Permitindo deste modo propiciar vivências em que o cliente participe como unidade existencial numa interação consigo e com o mundo e que forme seus próprios significados de movimentos exprimindo no exterior sua atividade interna, encorajando a criatividade, recuperando a sua dignidade por meio de atividades terapêuticas verdadeiramente humanizadoras.
10 CONCLUSÃO


Tendo o intuito de refletir sobre a importância da visão holística na prática da Terapia Floral de Bach, diante dos pontos abordados, percebe-se que os conhecimentos advindos da visão holística são extremamente importantes para a atuação do terapeuta floral de Bach, ou seja, é imprescindível considerar o ser humano com todas as suas facetas em seu meio de relação. Assim qualquer inclinação para um lado ou outro, do que se considera um todo, incorre no risco de um tratamento fragmentado e, portanto alienado e alienante.
Observando a interação do homem consigo e com o mundo, pode-se concluir que esse tema nunca estará complemente esgotado, já que os elementos dessa interação estão em constante transformação e essa reflexão está, portanto, em constante processo de evolução. A título de concluir o presente trabalho será considerado um último aspecto da interação do homem consigo e com o mundo:
Como visto no decorrer do presente estudo, o corpo nunca é puramente físico, mas, uma constante dialética com a mente e com o espírito, que não atua sobre esse em uma simples relação de causa e efeito, mas o envolve como uma presença, que faz do corpo um corpo humano. Portanto, conclui-se que, corpo, mente e alma se energizam mutuamente por meio da vontade e possibilidade biopsicossocial de interagir consigo e com o mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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WINNICOTT, D. W. A natureza humana. Rio de Janeiro: Imago, 1999. 221 p.




 

TELMA ALVES DE ALMEIDA FERNANDES LEITE
Terapeuta Holística - CRT 24406

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... e de repente, naquele simples aperto de mão, na troca recíproca de uma espécie de energia que fluía naturalmente entre dois corpos humanos, percebi enfim o que significava o SER...
Medina
Durante o curso foi estudada a expressão corporal que exige dos terapeutas holísticos uma reflexão mais aprofundada por portar além do movimento em si uma natureza subjetiva. Tal compreensão auxilia a leitura de mensagens não verbais, que são imprescindíveis ao processo terapêutico.
E foi a partir dessa compreensão que Edward Bach passou a procurar uma terapêutica natural. Conforme Pastorino (1992, p. 7) ao referir que uma noite encontrava-se Bach entediado em um jantar formal quando passou a observar as pessoas e chegou a conclusão de que todos os seres humanos podem ser classificados em grupos conforme seus gestos, sua forma de comer, de sorrir, suas atitudes corporais, suas expressões faciais, etc. Concluiu também que indivíduos de cada um desses grupos não sofriam das mesmas doenças mas, que reagiam da mesma maneira a ela e passou a tratar seus clientes de acordo com o grupo ao qual pertencia desenvolvendo assim a terapia floral, buscando flores com vibrações que harmonizasse cada um desses grupos.
O tema expressão corporal é vasto e fascinante, mas não cabe aqui, por se tratar de um trabalho monográfico, entrar em todas suas nuances. Porém para exemplificar sua importância propõe-se uma meditação sobre o gesto humano com o objetivo de compreender a importância da visão holística.
Estudando o gesto de uma forma reducionista usando, por exemplo, a Cinesiologia dificilmente poder-se-ia compreender seu significado. A Cinesiologia é definida como estudo do movimento humano, porém, discordando desta definição Almeida (1999) afirma que a Cinesiologia visualiza o movimento ''como um conjunto de alavancas, dobradiças e vetores de forças representados por músculos, articulações e seus possíveis arcos. (...) a Cinesiologia está próxima à Mecânica e à Engenharia...'', em seguida ressalta que '' as ações humanas são muito mais que arcos cinesiológicos (...) a cada qualidade de movimento há sempre uma combinação muscular inédita, fato que a visão reducionista praticada pela Cinesiologia não consegue dar conta...'' e conclui que o movimento na Cinesiologia '' é abstrato, (...) sem vinculação com o fazer (...) propostas terapêuticas que se baseiam exclusivamente na Cinesiologia não reabilitam o movimento humano (...) mas sim, voltam-se (...) para a reconquista de um arco de movimento.''
Observando o gesto humano fica fácil perceber a necessidade de uma visão que vá além da Cinesiologia. Cada movimento humano é diferente, se comparado com o de uma pessoa de faixa etária diferente, de diferente gênero, cultura, classe social e no mesmo indivíduo a cada momento.
Se o terapeuta considerasse um gesto apenas com o enfoque cinesiológico, sem uma reflexão sobre o seu significado estaria a empobrecê-lo substancialmente. O aperto de mão carregado de emoção, como no exemplo acima, é um movimento repleto de significado que transcende o ato. Napier (1983, p. 37) lembra que o aperto de mão pode ser realizado de diversas formas, pode ser ''...flácido, frio, cordial, vigoroso e sensual'' Boff (1999 p. 99) diz que '' Há algo nos seres humanos que não se encontra nas máquinas (...) o sentimento, a capacidade de emocionar-se, de envolver-se, de afetar e de sentir-se afetado (...) a dinâmica básica do ser humano é o pathos, é o sentimento...''
Merleau-Ponty (1994, p. 160) exemplifica a diferença entre um gesto e uma ação desprovido de intenção da seguinte forma:
Quando faço um sinal para um amigo se aproximar, minha intenção não é um pensamento que eu prepararia em mim mesmo, e não percebo o sinal em meu corpo. Faço sinal através do mundo (...) seu consentimento ou sua recusa se lêem imediatamente em meu gesto (...) a percepção e o movimento formam um sistema que se modifica como um todo. Se (...) percebo que não querem obedecer-me (...) modifico meu gesto (...) meu gesto de impaciência nasce dessa situação. (...) Se agora executo 'o mesmo' movimento, sem visar nenhum parceiro (...) quer dizer, se executo uma 'flexão' do antebraço sobre o braço e 'flexão' dos dedos, meu corpo, que havia pouco era o veículo do movimento, torna-se sua meta; seu projeto motor não visa mais alguém no mundo, visa meu antebraço, meu braço e meus dedos, e os visa enquanto eles são capazes de romper sua inserção no mundo...
Como ressalta Napier (1983, p. 53) ''o gesto constitui parte notável de nossa vida cotidiana.'' Para dar uma idéia da importância do gesto cita Paget (1869-1955) quando afirma que ''o homem pode fazer 700 mil gestos diferentes''. Napier (1983, p. 170) diz que '' a dança indiana compreende, pelo menos, quatro mil posições das mãos e dedos, as quais, quando coreografadas, contam uma história ou ilustram um mito.'' E acrescenta que ''em Samoa e muitas outras ilhas da Polinésia, são características as danças que consistem quase puramente em gestos das mãos.''Ao falar de expressão gestual Kapandji (1990, p. 282) ressalta que a mão ‘‘desempenha um papel primordial no contato social e, sobretudo afetivo (...) o gesto mais banal da vida cotidiana do homem ocidental, o aperto de mão, representa um contato carregado de significado simbólico.’’ E divide a expressão gestual em codificada como no caso da comunicação entre surdos-mudos e instintiva que segundo ele ‘‘constitui uma segunda linguagem; diferentemente do sistema de comunicação falada, seu significado é universal.’’ Como exemplo cita o aplauso em sinal de aprovação, o indicador apontado em sinal de acusação, etc. E continua dizendo que, ‘‘freqüentemente o gesto substitui a palavra e é suficiente por si só para exprimir os sentimentos e as situações.’’
Vázquez (1990, pp. 271-272) afirma que ''As mãos exprimem de modo sensível e concreto relações humanas, quer entre indivíduos, quer entre grupos sociais. E essa capacidade da mão de demonstrar os sentimentos (...) tem por base sua estreita vinculação com a consciência.''
Conforme expressa Gonçalves (1997, p. 103) ''A linguagem corporal, que se expressa (...) nas mãos (...) em toda a presença do corpo, permite uma compreensão do Outro de forma direta (...) uma apreensão do sentido de seu gesto (...) de sua emoção de seus sentimentos...’’
Napier (1983, p, 176) diz que ''seja como for, o gesto constitui um enriquecimento da comunicação e um aperfeiçoamento da compreensão entre indivíduos. É a linguagem oculta que não tem vocabulário nem gramática. Permite que se expressem coisas que nunca poderão ser faladas.'' E conclui que ''se a linguagem foi concedida aos homens para esconderem seus pensamentos, então a finalidade dos gestos foi revelá-los.’’
Segundo Merleau-Ponty (1994, p. 130) '' não há um só movimento em um corpo vivo que seja um acaso absoluto em relação às intenções psíquicas, nem um só ato psíquico que não tenha encontrado em seu germe ou seu esboço geral nas disposições fisiológicas.’’
Medina (1996, p. 49) enfatiza que ''O ser humano se movimenta sempre de uma forma simbólica e expressiva. Aquele que não procura interpretar estas significações não pode estar sabendo exatamente o que está fazendo.'' E acrescenta que:
As sinergias musculares que caracterizam fisiologicamente o movimento humano serão tanto mais ricas quanto mais trouxerem em seu bojo uma expressão significativa da própria vida. Caso contrário, tornam-se gestos mecânicos em nada diferentes daqueles de que é capaz um robô ou uma máquina qualquer. Ampliar esta significação é papel de uma Educação Física [e também de uma Terapia Ocupacional] plenamente consciente de seu valor humano. Medina (1996, p. 48)
No passado o homem possuía maior integração com seu corpo, por viver da caça, por precisar se defender, etc. Com a civilização os gestos foram se tornando formalizados ''bons modos'', os impulsos naturais tanto de raiva quanto de afeto foram sendo podados. Rompendo assim com a natureza, reprimindo a espontaneidade e conseqüentemente criando uma constante tensão interna, gerando estresse e um sentimento de inadequação. Gonçalves (1997, p. 17) designa este fenômeno de descorporalização. Napier (1983, p. 169) oferece um exemplo marcante do controle proposital sobre os gestos quando cita que ''o político (...) dos tempos modernos é colocado numa mesa ou poltrona, dependendo do grau de formalidade requerida, com os movimentos de braços e mãos restringidos e, na maioria das vezes, fora do enquadramento.’’
Para a Terapia Holística, é de fundamental importância a compressão da expressão corporal e do problema da descorporalização, para que um dos seus objetivos possa ser o resgate da articulação do gesto espontâneo, buscando a harmonia do ser humano.

9 O PAPEL DO TERAPEUTA FLORAL DE BACHAssim como é sentido, é realizado.
Provérbio hindu
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