Proveito

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27/06/2007 13:36

Proveito

Proveito (Profit), Preço (Price)

Este "P" comumente é traduzido como "preço", contudo, creio que em nossa cultura este termo possui uma conotação pejorativa. "PROVEITO" expressa melhor o seu significado, pois é uma relação "ganha-ganha" entre CLIENTE , TERAPEUTA HOLÍSTICO e a SOCIEDADE como um TODO.

Existe um estudo antropológico, do qual destacamos os parágrafos a seguir, apresentado em Paris (na sessão "La dynamique des religions au Brésil", na "Semaine Brésil 2000", 16-20 de outubro de 2000), sobre o perfil de muitos dos Terapeutas Holísticos brasileiros, que detecta que a escolha de nossa profissão é assemelhada à mitologia xamãnica: após sérios problemas pessoais ou familares sem solução via técnicas convencionais, vivencia e se harmoniza no "alternativo", dedicando-se, a partir daí, a compartilhar com todos o que lhe transmutou numa nova pessoa. Essa perspectiva cria um vínculo emocional muito forte com a atividade, que passa a ser exercida como uma missão de vida. Esta abordagem quase "religiosa" da profissão, somada ao espírito caritativo do brasileiro, faz com que muitos colegas passem por enormes dilemas interiores na hora de estabelecer seus justos honorários:

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Claro, todo este processo é aberto, incerto e sujeito a cooptações pela lógica capitalista. Mas, é importante se ressaltar que a decisão de ser ou não um terapeuta alternativo não se restringe a uma escolha utilitária em que o consumidor pode aceitar ou recusar a mercadoria a consumir. No caso das Terapias Alternativas, estabelece-se a partir da ruptura com a ordem tradicional um ritual de passagem que não tem retorno. Pode-se até enlouquecer, mas nunca mais o indivíduo que vive esta experiência volta a ser o mesmo de antes.

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Num contexto sócio-cultural marcado pela hegemonia do utilitarismo e do oportunismo, deve-se reconhecer que as rupturas com as práticas tradicionais _ familiares, religiosas e profissionais _ apresentam um certo caráter de heroísmo. Assim, o que estimula a rápida organização das terapias como um sistema sócio-cultural original no contexto de uma sociedade capitalista que a tudo mercantiliza é, em primeiro lugar, a inevitabilidade da dádiva de si, a necessidade imperiosa de se passar adiante o que se recebeu generosamente. Apenas, num segundo momento, ao se confrontar com a lógica mercantil hegemônica irá o terapeuta quebrar a cabeça para conciliar duas coisas diferentes: uma, a necessidade de fazer circular a "energia", a outra, a necessidade de se ganhar dinheiro para se viver numa sociedade de consumidores.

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Existe também o oposto, já que é uma profissão em franco crescimento, o que acaba atraindo algumas pessoas com uma sede de receita ainda maior que sua vocação ao correto e ético exercício da Terapia Holística... E, no meio-termo, uma "nova safra" de milhares e milhares de Terapeutas Holísticos, oriundos de escolas quase tão convencionais quanto as existentes para as demais profissões, o que talvez os leve a relacionar-se com a atividade de forma mais equlibrada, menos passional se comparada ao comportamento dos "pioneiros" do ramo.

Não existe uma tabela "oficial" de honorários para a Terapia Holística; afinal, como toda forma de ARTE, cada consulta é uma obra única e para o Artista e os Apreciadores, "não tem preço". Contudo, vivemos num mundo material e até mesmo a maior obra-prima, por mais inestimável que seja, passa por uma avaliação em termos financeiros, que será determinada por uma "lei" muito poderosa: a da oferta de da procura...

O SINTE - SINDICATO DOS TERAPEUTAS recomenda como valor monetário mínimo para um consulta, como sendo R$ 25,00 (o mesmo aplicado na Campanha HOLOCARD para arrecadação de verba para a organização do atendimento gratuito às comunidades carentes). Abaixo deste patamar, deve-se refletir se não será melhor assumir que se trata de um caso para gratuidade e encaminhar para estabelecimentos que atuem sob esta proposta. É importante que o Terapeuta Holístico encontre formas de colaborar junto às comunidades carentes, o que deve ocorrer na forma e LOCAIS adequados. Sejamos sinceros e há de se compreender que fazer isso em seu próprio consultório profissional acabará criando dificuldades operacionais e até mesmo, de entendimento e de sentimentos, nos momentos em que ambas as Clientelas, a gratuita e a pagante, interagirem...

Quanto aos valores mais elevados praticados no setor, temos observado o patamar de R$ 300,00 e, mesmo assim, após acumularem um histórico de décadas de esforços contínuos, tendo sofrido perseguições, incompreensões e exposição contínua à mídia, até conseguirem trabalhar dentro destes níveis monetários. Claro que, por ser este investimento muito acima do poder aquisitivo em geral, atuam com muito poucos Clientes, o que faz com que sua renda principal origine-se em atividades paralelas às de consultórios, sendo a mais comum, o ministrar de cursos sobre as mais variadas técnicas praticadas na Terapia Holística.

A imensa maioria dos profissionais se estabelece com honorários que tendem à proximidade (para baixo...) da média entre os dois extremos acima descritos. Contudo, vamos agora nos aprofundar um pouco mais no conceito deste "P" do Marketing; afinal, o Proveito está além da questão financeira, englobando muitos outros aspectos. Poucas profissões apresentam tamanhas gratificações quanto a Terapia Holística, em especial, a satisfação dos bons resultados junto aos Clientes. Via de regra, é uma atividade onde o profissional é seu próprio "patrão", estabelece seus próprios horários e regras de trabalho. Muitos colegas abriram mão de empregos convencionais, ainda que melhor remunerados, em troca destes privilégios... Da mesma forma, a Clientela se disponibiliza a investir financeiramente na Terapia Holística se o ganho em QUALIDADE DE VIDA se evidenciar. Estatísticas divulgadas na conceituada revista Financial Times concluíram que nos EUA, o número de consultas médicas caiu em 30%, enquanto que com Terapia Holística houve um considerado crescimento. Considerando que o americano tem acesso gratuito à medicina pública e a custo baixo, via planos de saúde particulares, isso prova que, quando se é ofertado uma forma de atuação DIFERENTE dos médicos (saúde & doença...), o público está disposto a pagar, pois sentem que estão investindo em mais qualidade para suas vidas, ou seja, em bem-estar, autoconhecimento, maximização de seus potenciais como seres humanos. Portanto, não se trata de uma simples equação matemática, na qual, "quanto menos se cobra, mais consumidores atrai"; uma vez que nosso público busca QUALIDADE, ele pode desconfiar da mesma, caso o custo monetário de um atendimento seja abaixo do mercado... Muitas vezes, na hora de se computar os possíveis Proveitos para os Clientes, "abatem" o investimento financeiro que estes aplicam, mas esquecem alguns "custos" indiretos, tais como o desgaste do deslocamento até consultório e saindo deste (a localização possui um bom fluir do trânsito ou é "estressante" ? É perto ou distante dos bairros de onde e para onde os Clientes se deslocam, antes e após as consultas ?), se existe custo de estacionamento, o valor do tempo total que ele necessita para ser atendido (além do valor monetário definido para cada atendimento, o Cliente também "gasta" relativamente ao tempo em que deixa de exercer outras atividades, inclusive, de trabalho, para se poder passar pelo atendimento...). Este demais fatores, muitas vezes pouco observados, podem ser a "gota d´água"a definir a sensação de "peso" maior ou menor, sobre o quanto um Cliente potencial está disposto a investir...

Uma ferramenta ainda pouco usufruída nos consultórios, de forma a suavisar a sensação de "desembolso" do Cliente é aceitar cartões de crédito, inclusive já definindo um "pacote" de atendimento, com lançamentos pré-programados mensalmente. O quitar diretamente em dinheiro ou cheque acarreta uma sensação menos confortável do que a utilização de cartões de crédito, que sempre possibilitam ao Cliente um tempo maior antes que realmente os valores saiam de sua conta. Os lojistas aplicam esta estratégia para aumentar com sucesso o volume de negócios. Claro que a burocracia de cadastramento das administradoras, somada ao custo mensal de locação das máquinas eletrônicas desanimam a implantação em consultórios, contudo, o SINTE - SINDICATO DOS TERAPEUTAS disponibiliza este serviço a todos os seus filiados em dia, tornando todo o procedimento muito simples e de rápida implantação.

Para refletir:

1) Colocando-se no lugar do Cliente, quanto pagaria por uma consulta com VOCÊ ? Se NÃO estivesse disposto a contratar o atendimento nos valores que são praticados em seu consultório, pense em que poderia aperfeiçoar, para convencer a si mesmo (e, consequentemente, sua Clientela potencial...). Contudo, se ao pensar do ponto de vista do consumidor, você estaria disposto a investir até mais do que o atual valor monetário de sua consulta, estude como fazer chegar ao conhecimento seu público os mesmos fatores que lhe convenceram...

2) Segundo o Conselho de Medicina, os mais de 300 mil médicos brasileiros recebem em média, cerca de R$ 20,00 por consulta, devido, entre outros fatores, ao "achatamento" provocado pelos planos de saúde. Se o Terapeuta Holístico, erroneamente, insistir em imitar esta OUTRA profissão, estará se posicionando em último lugar desta "fila", tendo que se sujeitar a receber ainda menos e, muito provavelmente, a sofrer processos sob a acusação de "exercício ilegal de medicina". Portanto, muito melhor será, sob TODOS os aspectos, buscar DIFERENCIAR-SE o máximo possível das demais profissões de saúde, cada vez mais sub-valorizadas pelo excesso de oferta...

Contando "causos": nem sempre o dinheiro é a "moeda" com que se quita uma atendimento. Assim como os Clientes, o Terapeuta Holístico também busca ampliar sua Qualidade de Vida. Alguns de meus Clientes utilizavam seus próprios produtos e serviços como "moeda alternativa"; por este meio, já fui "pago" com obras de artes, viagens, hospedagens, ou seja, justamente o destino final que pelo menos parte do que receberia em dinheiro teria...

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